Centro Cultural de Belém tem novas administradoras
Guta Moura Guedes e Ana Isabel Trigo Morais foram ontem nomeadas para a administração do Centro Cultural de Belém. O Ministério da Cultura substituiu assim Miguel Vaz e Adelaide Rocha cinco dias depois de ter oficializado as suas exonerações. Os ex-administradores saíram a pedido do presidente da instituição (ver caixa), Fraústo da Silva.Guta Moura Guedes era até ontem presidente da Associação Experimenta, entidade que organiza a bienal de design de Lisboa (a ExperimentaDesign), e fazia parte do conselho de administração da Colecção Francisco Capelo, adquirida em 2002 pela Câmara Municipal de Lisboa e ainda em depósito no Centro Cultural de Belém (CCB). Abdicou dos dois cargos ao aceitar a nomeação para o CCB. Ana Isabel Trigo Morais colabora com o Teatro Nacional de São Carlos desde 1994 e entrou para o seu conselho directivo em Abril do ano passado. No teatro, Trigo Morais assumia actualmente o pelouro financeiro e trabalhava na programação com Paolo Pinamonti, o seu director. "Aceitei o convite porque sinto que as mais valias que me foram reconhecidas por quem me convidou podem, efectivamente, contribuir para solidificar e redireccionar o projecto do CCB", disse ontem Guta Moura Guedes, via email. Para a nova administradora, o CCB é um equipamento cultural de referência que tem agora oportunidade de repensar a sua relação com a cidade, o país e o estrangeiro. Sobre o clima de instabilidade que conduziu à sua nomeação, Guta Moura Guedes diz apenas: "Todos os grandes projectos têm momentos de reajustamento, faz parte do seu crescimento, da sua evolução. É nossa responsabilidade fazer com que esse reajustamento seja rápido para que o público português, para o qual trabalhamos, não seja penalizado."Ana Isabel Trigo Morais preferiu não fazer comentários.Competências ainda por atribuirA nota de imprensa divulgada ontem pelo gabinete de Maria João Bustorff, ministra da Cultura, diz apenas que Guta Moura Guedes e Ana Isabel Trigo Morais serão as novas vogais do conselho de administração do CCB, sem especificar as suas áreas de actuação. Segundo os estatutos da instituição, compete ao seu presidente, Fraústo da Silva, atribuir a cada membro do conselho "o pelouro ou pelouros que entenda dever competir-lhes".Fraústo da Silva, que recebeu ontem os despachos de nomeação, diz que só tomará uma decisão depois de reunir com as novas administradoras. "Conheço as duas e sei para que área estão vocacionadas", explica. "Mas temos de falar primeiro sobre a organização do conselho e o sistema de gestão da casa, que será diferente." Fraústo da Silva quer ver o CCB gerido como "um todo": "O CCB não tem pelouros. Tem áreas e direcções. E todas têm de funcionar em conjunto."Sobre as novas vogais, o presidente do CCB diz apenas que Guta Moura Guedes "tem experiência nas artes plásticas" e que Ana Isabel Trigo Morais "fez um trabalho magnífico no São Carlos", teatro que Fraústo da Silva acompanha há 40 anos. "Percebe de finanças, mas também de música."A avaliar pelos seus currículos, é natural que Moura Guedes fique ligada à programação cultural e que Trigo Morais venha a gerir a área financeira.O nome de Guta Moura Guedes era conhecido desde quarta-feira, 27 de Outubro, mas o de Ana Isabel Trigo Morais só ontem foi divulgado. Vários jornais tinham já avançado a possível nomeação de Vítor Manuel Ruivo para a área financeira. Vítor Ruivo foi vice-presidente do Instituto Nacional de Administração, organismo do Ministério das Finanças que Fraústo da Silva dirigiu durante 15 anos, antes de passar a presidir ao CCB, em 1996. Até à hora do fecho desta edição não se conhecia ainda o nome que vai substituir Ana Isabel Trigo Morais no São Carlos.