Paulo Coelho não revalida o título

O quinto dia dos Jogos Paralímpicos ficou marcado pelos primeiros casos de "doping" e pela prestação menos feliz dos atletas portugueses favoritos em atletismo na prova de 1500 metros (categoria T11, cegos totais). Nuno Alves esteve bem ao conseguir uma quinta posição na prova, com 4m17,59s, melhorando assim o seu tempo pessoal, mas Paulo Coelho, que tentava conquistar um quarto título paralímpico consecutivo desta distância, não foi além de um sétimo lugar e último na final. O atleta português concluiu a prova com 4m26,60s, mais 18,02 segundos que o novo campeão paralímpico dos 1500 metros, o argelino El Aouzari. O ex-tricampeão paralímpico lamentou os problemas de saúde e as lesões que o afectaram ao longo de dois meses e meio. "Com as lesões, não consegui estar ao melhor nível. Mas não é a única justificação para a minha má prestação. Eu costumo ser notícia devido a boas prestações, alguma vez iria ser por uma má", afirmou o atleta, referindo que "parte da culpa" é sua. O outro português em prova, Ricardo Vale, (que se estreou nos 10 mil metros com um excelente sexto lugar), teve ontem uma prova infeliz nos Jogos, desistindo na última volta da competição. Quem também esteve aquém das expectativas foi Carlos Lopes, que não foi além do sétimo lugar nos 100 metros, também na categoria de T11 (cegos totais), ao ser apenas terceiro na final B da distância, com 11,92 segundos. O angolano José Armando, que tinha feito o recorde do mundo na meia-final (11,37 segundos), confirmou o seu favoritismo, vencendo a final A, com 11,42 segundos. O atleta português José Alves, que foi obrigado a desistir na final dos 200 metros masculinos (classe T13, amblíopes) devido a um estiramento na perna direita, está totalmente recuperado, segundo anunciou ontem o médico da missão portuguesa, Jaime Antunes. O atleta pode assim participar amanhã nos 400 metros (T11) e na estafeta 4x400m (classe T11-13, cegos totais e amblíopes).Hoje de manhã, entram em competição mais atletas portugueses em quatro modalidades: natação, atletismo, equitação e boccia. Para o cavaleiro português, esta será a última prova a realizar ("freestyle"), enquanto para a equipa de boccia é o primeiro dia de provas, o que se traduz em provas individuais e colectivas. "O objectivo é manter o bom desempenho de Sydney e chegar ao ouro", afiançou Filinto Carvalho, treinador nacional de boccia. Dois halterofilistas do Azerbaijão foram, entretanto, afastados dos Jogos Paralímpicos (JP) de Atenas devido a controlos "antidoping" positivos. Trata-se dos dois primeiros casos de dopagem nesta competição, protagonizados por uma modalidade que foi abalada nos Jogos Olímpicos (JO) por onze expulsões.Segundo o Comité Internacional Paralímpico, Goundouz Ismayilov, que deveria competir na categoria masculina dos 90kg, foi excluído por consumo de estanozolol. De acordo com o mesmo organismo, foi também um anabolisante, nomeadamente nandrolona, que esteve na origem da expulsão de Sara Abbasova, escalada para competir nos 82,5kg senhoras.Como ambos são reincidentes, deverão ser erradicados do desporto. Ismayilov foi mesmo protagonista de um dos casos mais mediáticos nos anteriores JP: o azerbaijano ganhou a medalha de ouro nos 90 kg, mas teve de devolver o título também devido a um teste positivo. No total, Sydney 2000 registou onze casos de dopagem, um no atletismo e dez no halterofilismo.Esta modalidade enfrentou graves problemas na cidade australiana, tanto nos Paralímpicos como nos Olímpicos. Quatro anos depois, em Atenas 2004, a Federação Internacional de Halterofilismo mostrou que está a actuar contra a dopagem, tendo sido a única federação internacional a testar todos os atletas apurados. Esteve também na origem da maioria das onze expulsões de halterofilistas durante os JO.Nos Paralímpicos de Atenas 2004 já foram realizados 335 controlos, prevendo-se que até ao final estejam contabilizados 670 testes.

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