The Offspring em Lisboa: a abrir, como sempre

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The Offspring DR

Os Offspring tocaram ontem pela quarta vez em Portugal, depois de duas passagens pelo mesmo Coliseu e de uma pelo Pavilhão Atlântico. Então, como agora, foram acolhidos por uma casa cheia e pronta para devorar o punk-rock californiano da banda de Dexter Holland.

À partida, é uma noite previsível, no bom e no mau sentido. Mau pela óbvia ausência do factor surpresa. Bom porque toda a gente sabe ao que vai e o certo é que não sai enganada. A determinada altura, os Fonzie perguntam: "Querem uma canção rápida ou lenta?" A resposta vai claramente para a primeira hipótese e é bem reveladora do ritmo imposto ao longo da noite.

Não há lugar para baladas nem quebras – a não ser nos intervalos entre bandas, por vezes excessivos (esperámos quase meia-hora pela entrada dos Offspring) - nem para paragens entre as músicas para recuperar o fôlego. É a noite do mais rápido "tum pa tum pa" (em linguagem de baterista).

O próprio Dexter só fala com o público já o concerto vai bem adiantado, e apenas para dizer que é o último da digressão europeia. O mesmo é dizer que hoje é noite de queima final de cartuchos. Sem explosões de maior, é isso que acaba por acontecer.

Demasiado previsível

Apesar de terem oferecido um concerto potente e sem falhas, a tal previsibilidade é um ponto negativo inultrapassável. Já vimos os Offspring assim, já cantámos estas músicas várias vezes da mesma forma e até os "mosh" se repetem.

Além disso, as melhores canções continuam a vir dos álbuns mais antigos (em especial de "Smash"). Apesar de se notar pela assistência que os recentes "Americana", "Conspiracy of one" e até o novo "Splinter" conseguiram conquistar uma audiência mais jovem, são temas como "All I want", "Come out and play" ou "Self esteem" que conseguem a maior adesão do público. As excepções vão para o brincalhão "Original prankster" ou para a banda-sonora-possível-para-desenho-animado "Hit that".

Seja como for, os Offspring continuam a ser os detentores do título de pesos-pesados do punk-rock. A vitalidade com que se apresentam não os mostra dispostos a passar ainda o testemunho.

A força do punk português

Para abrir a noite foram recrutadas - e bem - duas bandas portuguesas: Fonzie e Easyway. Os Fonzie até podem ser os "punk rockers" mais internacionais da nossa praça, e isso vê-se no músculo e segurança do concerto, mas tocar em Lisboa é outra coisa. Dizem eles e nós acreditamos. Não se cansam de explicar o significado que tem tocar para "o nosso público" - que, diz-se por aí, é dos melhores. Pecou por uma falha das luzes que deixou o palco às escuras e também por uma certa indefinição no som.

Quanto aos Easyway, revelaram um à-vontade incrível para uma banda tão fresca. Revelaram também uma enorme satisfação naquele que disseram ser o seu melhor concerto. No final, nos corredores do Coliseu, dizia-se que a sua prestação tinha sido mais entusiasmante que a dos Fonzie. Perspicazes, os Easyway deixaram para o fim "Forever in a day", primeiro single do álbum de estreia com o mesmo nome, rematando com uns "Jardins proibidos" em versão punk. E não é que resultou?

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