Como já nada existe, nem a lei nem a sociedade, o "tempo do lobo" é o tempo da reorganização de indivíduos e grupos, da mera sobrevivência como objectivo, da subversão das relações de poder e de classe, da diluição da moral face ao animal (lobo?) que há dentro de cada humano. Esquematizado e prisioneiro de simbolismos pacóvios (o miúdo e o fogo, por exemplo), nem por isso muito imaginativo (Haneke quer ser "plausível"), mal resolvido, "O Tempo do Lobo" é uma espécie de anúncio da descoberta da pólvora: é que um tipo lembra-se que há mais de 40 anos que o velho Buñuel filmou "isto", no "Anjo Exterminador", de maneira muito mais complexa, ambígua e perturbante.
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