Sudão desvaloriza ultimato do Conselho de Segurança da ONU

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O chefe da delegação sudanesa recusa-se a aceitar as datas impostas pelo Conselho de Segurança George Osodi/EPA

A resolução aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas no dia 30 de Julho dava a Governo de Cartum um mês para iniciar o desarmamento das milícias pró-governamentais, acusadas de ataques indiscriminados contra a população africana do Darfur, no oeste do país, que é palco, há mais de um ano, de confrontos entre grupos rebeldes e o Exército. Em caso de incumprimento, o Sudão poderá ser alvo de sanções políticas.

Questionado sobre a intenção de respeitar este ultimato — classificado desde o início por Cartum como uma ingerência em assuntos internos —, o ministro da Agricultura, Majzub al-Khalifa, chefe da delegação sudanesa nas negociações promovidas pela União Africana (UA), respondeu: "Nem pensar. Isso nunca nos passou pelo espírito".

"Vamos fazer aquilo que é o nosso dever. Somos um povo digno, não nos vamos submeter a essas datas. O ultimato vai expirar e nós vamos prosseguir estas negociações", sublinhou, numa referência aos encontros que desde segunda-feira juntam na Nigéria representantes do Governo e dos grupos rebeldes do Darfur.

A UA tenta convencer o Sudão a aceitar o envio de mais tropas da organização para o Darfur, a fim de proteger os campos de refugiados e fiscalizar o cessar-fogo, e ao mesmo tempo forçar os grupos rebeldes a depor as armas. Contudo, até ao momento não foi alcançado ainda qualquer compromisso.

Segundo a ONU, entre 30 e 50 mil pessoas terão morrido no Darfur na sequência dos confrontos armados e dos ataques das milícias árabes. Mais de um milhão de pessoas, na sua maioria de etnias africanas, foram obrigadas a abandonar as suas casas, fugindo para campos de refugiados ou para o vizinho Chade. As agências humanitárias defendem o envio de militares estrangeiros para a região, acusando as tropas governamentais de conivência com as milícias.

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