Sida ameaça agricultura de subsistência em Moçambique, alerta FAO
O estudo salienta a perda de muitas variedades de cereais, tubérculos, legumes e vegetais devido à sida, inundações e secas.
A FAO concluiu que 45 por cento dos afectados com sida reduziram a área agrícola que cultivam e 60 por cento reduziu o número de culturas.
“Este estudo constata uma tendência alarmante que afecta milhões de pobres que vivem no campo. O problema atinge não só Moçambique mas também os países africanos onde a sida tem graves consequências”, comentou Marcela Villarreal, perita em sida da FAO.
De acordo com a autora do relatório, Anne Waterhouse, a doença deverá ter ainda um elevado impacte negativo no conhecimento local agrícola porque afecta a transmissão desse conhecimento de geração em geração. “A maioria dos agricultores usa sementes que eles próprios produzem; a forma como transmitem o conhecimento sobre como identificar, melhorar e conservar essas sementes é feita de pais para filhos”, disse Waterhouse. “Por isso, o que acontece quando se deixa de produzir um determinado tipo de semente é que esse conhecimento não é transmitido”.
A FAO considera importante a conservação das variedades locais porque estas estão adaptadas às condições da região e vão providenciar um abastecimento alimentar mínimo em caso de seca.
Em Moçambique, mais de 1,3 milhões de pessoas – de uma população de 18 milhões – deverão estar afectadas pela sida. A FAO prevê que em 2020 o país terá perdido mais de 20 por cento da sua força de trabalho agrícola devido à doença.
O Governo moçambicano estima que mais de 600 mil crianças ficaram órfãs por causa da sida. Como resposta, a FAO está a experimentar formas de ajudar as crianças a aprender técnicas agrícolas e de subsistência.