Al-Qaeda recorre cada vez mais à internet para recrutar e fazer propaganda
"A Internet é ainda mais perigosa do que era no passado", sublinhou Rita Katz, directora do Instituto SITE, de Washington, em entrevista telefónica. "Tudo aquilo que existia nos campos de treinos do Afeganistão existe hoje na Internet", acrescentou a responsável da organização que acompanha sites islamistas e que conta entre os seus clientes com o governo e grandes empresas dos Estados Unidos.
"Alguns dos manuais (colocados na net) são os mesmos manuais que havia no Afeganistão, alguns deles escritos por Saif al-Adel, um dos mais procurados comandantes militares da Al-Qaeda, que não foi capturado. Está na lista dos mais procurados pelo FBI", assinalou.
Por exemplo, uma informação colocada recentemente na net pormenoriza como deve ser usado um telemóvel num atentado bombista, o método usado nos ataques de 11 de Março em Madrid que fizeram 191 mortos. "É uma explicação passo a passo, e para que não existissem dúvidas havia um vídeo demonstrativo. É muito assustador", disse Katz.
Também cerca de um mês antes de uma vaga de raptos no Iraque e na Arábia Saudita, observou, apareceram em vários sites manuais com instruções precisas sobre a tomada de reféns. Um deles foi colocado por Abu Hajer, que mais tarde sequestrou e assassinou o engenheiro norte-americano Paul Johnson.
"Depois do 11 de Setembro, não creio que a Al-Qaeda possa ser olhada tanto como uma organização; é mais um movimento, e a partilha de informação dentro deste movimento é (...) casa vez mais crucial, não apenas em termos de recrutamento, mas em termos de comunicações, de envio de mensagens cifradas, codificadas, manutenção de bases de dados, etc.", notou Jonathan Schanzer, outro especialista, investigador no Washington Institute.
Paquistão anuncia captura de líderesO Paquistão anunciou ontem, entretanto, ter prendido mais cinco pessoas suspeitas de pertencerem à Al-Qaeda, numa acção descrita pelo ministro da Informação como "muito significativa". Embora o governo tenha recusado revelar as identidades ou sequer as nacionalidades dos detidos, informações surgidas na imprensa indicam contudo que há dois turcos e dois paquistaneses.
Noutro êxito policial a somar aos diversos anunciados nas últimas semanas, as autoridades de Carachi afirmaram ter preso um homem suspeito de participar num atentado falhado contra um comandante do exército.