Atenas 2004: seleccionador português de atletismo traça "resultado meritório"
"Com um terço dos atletas a serem semi-finalistas, Portugal teria uma participação aceitável e digna. Se tal não acontecer, não falaremos em prestação indigna, mas aquém das expectativas", completou o treinador luso, desejando enganar-se nestas previsões, "para cima".
Para o mesmo responsável, a obtenção de medalhas será "extremamente difícil" e, por isso, há necessidade de "não colocar demasiado alta a fasquia". Até porque, segundo lembrou o director técnico nacional, Jorge Vieira, há 10.500 atletas para 900 medalhas.
O mais "próximo" de subir ao pódio, no que respeita a termos "aritméticos", é Francis Obikwelu, já que no "ranking" deste ano é o nono melhor atleta nos 100 metros e o oitavo nos 200.
Porém, estes números estarão "alterados" quando os Jogos se iniciarem devido às ausências de alguns atletas e, assim, o velocista de origem nigeriana será o sexto melhor no "ranking" no hectómetro e o sétimo nos 200 metros.
Provas em que Obikwelu competirá ainda por definirEm dúvida estão também as provas em que Obikwelu competirá, porque tudo dependerá do "tempo, condições psicológicas e da análise dos participantes".
Em termos de "ranking" do ano, os melhores classificados são Obikwelu, Rui Silva, actual décimo classificado dos 1.500 metros, mas com possibilidades de ser oitavo nos Jogos, Carla Sacramento, actual 16ª dos 1.500 (14ª), Fernanda Ribeiro, 19ª nos 10.000 (17ª), Naide Gomes, 24ª no heptatlo (21ª), e a marchadora Susana Feitor, 25ª nos 20 km (18ª).
O director técnico nacional também reforçou a ideia de que "é uma grande vitória 26 atletas terem conseguido mínimos olímpicos" e que "fazer o melhor possível" será a única exigência feita aos atletas, porque uma vitória também depende da concorrência.
Em última instância, Jorge Vieira quer que a participação olímpica contribua para a melhoria das condições de treino dos atletas portugueses.
"Estamos habituados ao défice de condições"Quanto às notícias da alegada falta de condições em Atenas, o responsável garantiu que "não será o calor, o pó, uma lâmpada fundida, o ranger das portas ou um autoclismo avariado" que preocupa a delegação lusa. "Estamos habituados ao défice de condições, como treinar à chuva devido à falta de uma pista coberta", lembrou.
A delegação lusa, que irá viajar para Atenas faseadamente a partir de sexta-feira, inclui 26 atletas (14 homens e 12 mulheres) e 21 treinadores de 13 clubes diferentes. Deste total, 19 atletas conseguiram a qualificação com mínimos A.
A comitiva de atletismo representa mais de 30 por cento da delegação total portuguesa de 83 desportistas. A Federeção Portuguesa de Atletismo (FPA) regozijou-se ainda por ser a primeira vez na história do atletismo português que haverá representações nos "grandes sectores" da modalidade.
Os ausentes também não foram esquecidos, com os responsáveis da FPA a enviar uma "palavra especial" para os atletas que haviam alcançado insuficientes mínimos A (Marina Bastos, nos 10.000 metros, e Vera Santos, 20 km marcha) e mínimos B (Sónia Alves, no lançamento do martelo, Mário Teixeira, nos 3.000 metros obstáculos, e Jessica Augusto, nos 5.000 metros).
Outros ausentes recordados por falta de mínimos foram Maria do Carmo Tavares (400 metros), Sandra Teixeira (800), Carlos Silva (400 barreiras), Carlos Calado (salto em cumprimento), António Pinto (maratona), Domingos Castro (maratona), Pedro Rodrigues (400 barreiras) e Mário Aníbal (decatlo).