"Este não é um jogo de feijões. Estamos a discutir e escolher aquele que será o candidato a primeiro-ministro pelo PS", declarou José Sócrates aos jornalistas, à entrada para a reunião da Comissão Nacional socialista, num hotel de Lisboa, onde será decidido o calendário de eleição do líder e do próximo congresso do partido.

O ex-ministro do Ambiente e Ordenamento do Território comentou desta forma o facto de vários dirigentes da ala esquerda do PS não se reverem na sua candidatura e ponderarem apresentar um candidato alternativo à sucessão de Ferro Rodrigues na liderança do partido.

"Este é o momento para discutir. O mais importante é que o PS faça escolhas claras quanto ao seu caminho e quanto à sua liderança", afirmou José Sócrates, saudando todos "os que se acham em condições" de disputar o lugar de secretário-geral e de candidato pelo partido a primeiro-ministro.

"Lamentaria era se todos me apoiassem", acrescentou, considerando "muito positivo" que quem não se revê na sua candidatura queira ter "representação dentro do PS", e salientando que "o mais importante é que este combate seja esclarecedor e que o congresso seja clarificador".

"O PS não se poderá queixar de não ter por onde escolher. É bom que o PS tenha escolhas a fazer e que escolha em consciência o que acha ser o melhor caminho para os próximos dois anos", sublinhou ainda o dirigente socialista.

Confrontado com a convicção manifestada pelo também candidato a líder do PS João Soares - que será o primeiro a formalizar a sua candidatura, entregando hoje à noite as 100 assinaturas necessárias para o efeito -, de que será o próximo secretário-geral do partido, Sócrates adiantou que, pela sua parte, não tem essa certeza.

"Pela minha parte, eu não tenho a certeza da vitória, só tenho a certeza de já estar à altura dessa vitória. Em democracia ninguém tem a certeza da vitória", disse.

"João Soares tem toda a razão: quem escolhe o líder do PS são os militantes, é por isso que o PS está em boas mãos", adiantou José Sócrates, referindo-se à advertência feita pelo ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa de que são os socialistas e não as televisões quem vai eleger o próximo secretário-geral do partido.