“Como consequência da ineligibilidade de Young para competir, após violação da regras 'antidoping', todos os resultados posteriores devem ser anulados, incluindo os alcançados como membro da equipa de estafeta durante o período de ineligibilidade, desde 26 de Junho de 1999 até 25 de Junho de 2001”, comunicou a IAAF no seu sítio na Internet, após uma reunião extraordinária do conselho deste organismo, realizada em Grosseto (Itália), em que se teve elaborar esta recomendação recorrendo aos regulamentos em vigor naquela altura. “As consequências estão implícitas. Não se pode ganhar uma medalha por um resultado que não existe”, afirmou o presidente da IAAF, Lamine Diack, citado pela AP.

Young, Michael Johnson, Alvin Harrison, Calvin Harrison, Antonio Pettigrew e Angelo Taylor foram os membros da equipa que nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 arrecadou a medalha de ouro nos 4x400m (os irmãos Harrison enfrentam processos por alegadas violações posteriores das regras antidopagem). O primeiro atleta não correu na final, mas, segundo o entendimento do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), nem sequer deveria ter viajado para a Austrália. Young falhou um teste “antidoping” em 1999 – acusou nandrolona –, mas, um painel de recurso absolveu-o sem aparente justificação científica. O caso Young figura entre uma centena de processos que, nos finais dos anos 80 e na década de 90, foram camuflados, à luz das regras de confidencialidade da Federação de Atletismo norte-americana, e só ganharam visibilidade em 2003 graças à imprensa.

O TAD remeteu para a IAAF e o COI uma decisão sobre a restante equipa, considerando, no entanto, que a anulação dos resultados desportivos de Young, actual campeão mundial dos 400m, não implica necessariamente a da restante equipa. Contudo, não tem sido essa a interpretação do organismo federativo: num caso recente, o britânico Dwain Chambers foi considerado culpado do consumo de tetrahidrogestrinona e a IAAF retirou à Grã-Bretanha a medalha de prata conquistada nos 4x400m dos Mundiais de 2003.

No início deste mês, o presidente do COI, Jacques Rogge, afirmou que os seis “sprinters” têm direito a uma audiência ou a apresentarem uma defesa por escrito a uma comissão disciplinar do comité e da Agência Mundial Antidopagem, formada no ano passado para avaliar o caso. Este painel elaborará uma recomendação ao comité executivo do COI, que se reunirá antes dos Jogos de Atenas 2004. Segundo Diack, o Comité Olímpico Internacional disse à IAAF que seguiria a sua recomendação.