Se a primeira intenção de Christophe Honoré era actualizar o romance homónimo de Georges Bataille, então o objectivo foi cumprido. Não só a escolha de "décor" se revela válida, com a câmara vertiginosamente colada à carne nesse mercado do corpo, simultaneamente desumano, que é uma ilha das Canárias, como o filme explicita alguns aspectos da obra aberta (e inacabada) de Bataille. Honoré nunca cai no puro exibicionismo, o seu erotismo é sujo e visceral como fica implícito no romance (dizer que é "soft porno" é ignorar que em Bataille não há psicologia que valha). O que falha, então? A divergência entre a encenação e o registo documental, uma presença ostensiva da câmara, em constante busca de efeito, a mal-resolvida questão religiosa, fundamental em Bataille, e acessória no filme, à beira do risível.
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