Santana Lopes indigitado pelo PSD para primeiro-ministro
Entre as abstenções conta-se a de Miguel Veiga, um dos poucos dirigentes nacionais que revelou o sentido de voto à entrada para a reunião, na qual foram notadas as ausências de Manuela Ferreira Leite e Marques Mendes. O "histórico" social-democrata, bem como a ainda ministra das Finanças, foram dos poucos conselheiros que votaram contra o nome de Pedro Santana Lopes na última reunião do conselho nacional, no dia 1 de Julho, na qual o ainda presidente da Câmara de Lisboa foi eleito líder do partido.
Ainda antes da votação, Santana Lopes admitiu apresentar na Assembleia da República o mesmo programa de Governo que foi aprovado em 2002, afirmando que essa será "a maior garantia de continuidade" que o PSD pode dar ao país, cita a TSF.
A mesma garantia foi deixada no final do encontro por Dias Loureiro, presidente da mesa do conselho nacional, para quem o compromisso do PSD com o eleitorado se baseia no "programa eleitoral sufragado em 2002" e que daria origem ao programa de Governo apresentado por Durão Barroso. "Queremos dar sequência a esse compromisso", sublinhou.
Na intervenção ao conselheiros, Santana Lopes garantiu também que "não haverá alterações excessivas na orgânica do Governo", sublinhando também que a relação de forças da coligação dentro do Governo "não será alterada".
Quanto à composição do novo Governo, o líder social-democrata não confirmou nenhum dos nomes que têm vindo a ser falados pela imprensa, apesar de ser previsível que apresente amanhã ao Presidente da República quais os escolhidos para as principais pastas.
Antevendo as dificuldades que irá enfrentar, o candidato a primeiro-ministro disse estar "absolutamente ciente daquele que é o sentimento da população sobre a coligação e de qual é o principal partido" do Governo, bem como das "qualidades e limitações" que lhe costumam apontar.
Nesse sentido, pediu um voto de confiança ao PSD. "Durão Barroso pediu, no congresso de Oliveira de Azeméis, que confiassem nele. Também eu, aqui, peço que confiem em mim, porque eu também confiarei em vós", apelou, citado pela Lusa, tendo recebido pouco depois a resposta dos dirigentes sociais-democratas.
Durante a sua intervenção, o novo líder do PSD criticou a demissão de Ferro Rodrigues, sustentando que o secretário-geral do PS “deveria estar preparado para qualquer uma das decisões” que Jorge Sampaio viesse a tomar. “A sua reacção foi uma prova de que a decisão do Presidente da República foi a correcta”, afirmou à Lusa uma fonte social-democrata, citando o líder do partido.
Santana aproveitou ainda para elogiar a decisão do Presidente da República de não convocar eleições antecipadas, recordando a “difícil” situação em que foi colocado perante a demissão de Durão Barroso. “Não digo isto porque a decisão foi a que foi. Do mesmo modo que criticamos algumas falha, devemos louvar quem cumpre o seu dever”, sustentou.
O líder do PSD garantiu ainda que ao abandonar o Palácio de Belém, na passada quarta-feira, não sabia qual o sentido da decisão do Presidente, razão que o levou a optar pela moderação nas declarações que fez aos jornalistas.