Protocolo de Quioto: secretário de Estado da Ciência considera que UE deve dar exemplo aos EUA
"Se a UE conseguir provar, através da sua acção interna, que o comércio de emissões reduz os custos económicos de Quioto, criar empresas e novas áreas de negócio, mais facilmente as empresas norte- americanas olharão para o protocolo", disse Jorge Moreira da Silva numa conferência sobre o combate às alterações climáticas, no âmbito da Semana Verde organizada pela Comissão Europeia, em Bruxelas.
Moreira da Silva considera que as tentativas para a adesão dos Estados Unidos a Quioto não devem ser abandonadas agora, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter prometido acelerar os processos para ratificar o Protocolo de Quioto, o que permitirá que este entre em vigor. "A UE não pode desistir de atrair os EUA até 2012".
Os Estados Unidos recusaram em Março de 2001 ratificar aquele acordo internacional, tendo o Presidente George W. Bush alegado que os custos eram demasiado elevados e considerado "injusto" que os grandes países em desenvolvimento, como a China e Índia, não estivessem implicados nas reduções.
As metas definidas pelo acordo de Quioto para a redução dos gases responsáveis pelo aquecimento global, entre os quais o dióxido de carbono, têm como horizonte temporal 2012, estando marcado para o final do ano, em Buenos Aires (Argentina) o início das negociações para o segundo período do protocolo, entre 2012 e 2016.
Também para esta altura, Moreira da Silva considera "imprescindível" a presença dos EUA, defendendo por isso que a UE deve estar aberta a negociar alguns pontos, como o cumprimento de metas por parte da China, Índia e Brasil. Tal, segundo o governante, permitirá evitar a deslocação de empresas para aqueles países, onde não têm que estar sujeitas ao cumprimento das emissões, e reduzir as próprias emissões poluentes.
Na conferência a que presidiu, Jorge Moreira da Silva apresentou a linha de projectos de investigação científica na área das alterações climáticas criada pelo Governo. A iniciativa incide em três áreas: o conhecimento e observação do clima recente em Portugal, os impactos e medidas de adaptação a desenvolver para combater as alterações climáticas e a definição de políticas para a redução dos gases poluentes.