Acompanhado pelo ministro da Cultura, Pedro Roseta, Durão Barroso justificou a escolha da cidade com os equipamentos existentes, destacando o Teatro Municipal de Faro, da autoria de Gonçalo Byrne.
A cerimónia de apresentação da nova capital nacional da cultura foi marcada pela entrega de uma estátua da rainha Santa Isabel pelo município de Coimbra, onde decorreu a capital nacional da cultura no ano passado, à autarquia de Faro.
Faro ouviu assim hoje pela segunda vez em três anos a promessa de que será a capital nacional da cultura. Depois de em 2001 o então primeiro-ministro António Guterres ter anunciado que a capital algarvia seria em 2004 também a capital da cultura em Portugal, foi hoje a vez de Durão Barroso fixar 2005 como o ano de Faro-capital nacional da cultura.
A promessa do ex-primeiro-ministro socialista nunca se concretizaria, devido à queda do Governo PS no fim daquele ano e aos sucessivos atrasos na construção do Teatro Municipal de Faro, considerado a principal "sala de visitas" do conjunto de eventos que integrarão o certame.
Com conclusão agendada (em 1999) para fins de 2002, pelo então ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho, a construção daquele equipamento só começou em meados de Novembro último e deverá estar concluída no fim do ano, ou, na pior das hipóteses, no primeiro trimestre do próximo ano, já com o programa cultural em curso.
A construção do teatro, situado à entrada de Faro, começou a 19 de Novembro do ano passado, logo a seguir à assinatura do contrato de adjudicação da obra.
Na altura, o ministro Pedro Roseta dava Faro como a cidade mais bem colocada para suceder a Coimbra como capital nacional da cultura, escusando-se, contudo, a adiantar o ano do evento e remetendo a decisão final para o início deste ano.
"Vou propor que Faro seja a próxima capital nacional da cultura a seguir a Coimbra e, se tudo correr bem, ainda em 2005", disse o responsável pela pasta da Cultura, sublinhando que a decisão não dependia só de si, mas de outros ministérios.
A 21 de Fevereiro deste ano, Durão Barroso aproveitava um comício partidário em Castro Marim, a 60 quilómetros de Faro, para garantir que o Executivo estava "a fazer tudo" para anunciar "em breve" que a cidade seria capital da cultura ainda em 2005.
Considerado condição indispensável para o evento, o teatro municipal terá um auditório com 800 lugares e condições para projectar filmes de cinema e receber congressos, espectáculos de teatro, música e dança.
O futuro núcleo cultural da cidade inclui, além do teatro, a reabilitação de dois edifícios históricos contíguos: o Solar do Capitão-Mor, que será o Gabinete da Cidade, e a Casa das Figuras, que será a sede da Orquestra Regional do Algarve.
A construção do teatro representa um investimento de dez milhões de euros, dos quais cinco milhões serão atribuídos por fundos comunitários no âmbito do Programa Operacional de Cultura e os restantes repartidos entre o Ministério da Cultura (623.500 euros) e a autarquia (4.364.500 euros).
O projecto foi alvo de sucessivos adiamentos e alterações, mas a 8 de Novembro de 2002 seria objecto de um protocolo definitivo de colaboração entre a Câmara Municipal de Faro e o Ministério da Cultura, que previa a sua construção até finais de 2004.
A grande incógnita para que os agentes culturais algarvios esperam resposta é agora a concretização dos conteúdos.
Questionados, ainda em fins de Outubro de 2003, sobre os sucessivos atrasos e retrocessos no processo, vários agentes garantiram à Lusa, nessa altura, que o tempo já era escasso para que houvesse uma programação cultural de qualidade a partir de Janeiro de 2005.