Agustina Bessa-Luís vence Prémio Camões 2004

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Agustina Bessa-Luís DR

O júri, formado por Eduardo Prado Coelho, Vasco Graça Moura, Heloísa Buarque da Holanda, Zuenir Ventura e Lourenço Rosário, decidiu esta ano atribuir o prémio, no valor de 100 mil euros, à autora conhecida pelos seus romances, biografias, ensaios, contos, crónicas, guiões dramáticos ou literatura de viagens e infantil.

O Prémio Camões foi instituído em 1989 pelos governos de Portugal e do Brasil. pretende distinguir, anualmente, um escritor cuja obra tenha contribuído para o enriquecimento dos patrimónios cultural e literário em Português.

Agustina Bessa-Luís nasceu a 15 de Outubro de 1922 em Vila Meã, Amarante, tendo publicado o primeiro livro, a novela "Mundo Fechado", em 1948. No seu currículo surge ainda como directora do Teatro Nacional D.Maria II, entre 1990 e 1993) e do jornal "O Primeiro de Janeiro" (1986-87), tendo integrado a Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Apesar de depois da ficção de estreia a escritora ter editado "Os Super Homens" (1950) e "Contos Impopulares" (1951-53), o reconhecimento da vocação literária só lhe chegou com "A Sibila" (1954), distinguido com os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queirós.

Tendo fixado residência no Porto em 1950, após ter estudado na Póvoa de Varzim e vivido em Coimbra, Agustina escreveu várias obras, tendo títulos traduzidos para francês, italiano e alemão.

Entre os seus trabalhos contam-se "Os Incuráveis" (1956), "A Muralha" (1957), "Ternos Guerreiros" (1960), "O Manto" (1961), "O Sermão do Fogo" (1963), "A Dança das Espadas" (1965), "Canção Diante de uma Porta Fechada" (1966), "As Pessoas Felizes" (1975), "Crónica do Cruzado Osb" (1976), "As Fúrias" (1977), "O Mosteiro" (1980), "Vale Abraão" (1991), "O Concerto dos Flamengos" (1994), "Um Cão que Sonha" (1997) ou "O Princípio da Incerteza: Jóia de Família" (2002).

Agustina Bessa Luís já venceu vários prémios, entre eles o Ricardo Malheiros, em 1966, com "Canção Diante de Uma Porta Fechada", e em 1977, com "As Fúrias"; bem como o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores em 1984, por "Os Meninos de Ouro", e em 2002, por "O Princípio da Incerteza - Jóia de Família".

Foi também escolhida para o Prémio Nacional de Novelística em 1967 (por "Homens e Mulheres"), Prémio Dom Dinis em 1980 ("O Mosteiro", que ganhou no mesmo ano o PEN Clube de Ficção), Prémio RDP Antena 1 em 1988 ("Prazer e Glória"), o galardão da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários em 1993 ("Ordens Menores") e o Prémio União Latina em 1997 ("Um Cão que Sonha").

As suas peças de teatro foram também escolhidas por alguns dos principais encenadores e realizadores portugueses, como foi o caso do seu romance "As Fúrias", encenado por Filipe La Féria, em 1995, ou a adaptação ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira de "Fanny Owen", em 1981, para "Francisca", "Vale Abraão" (1993), "As Terras do Risco" (1995, adaptado para "O Convento") ou "O Princípio da Incerteza" (2002).