Colin Powell admite que CIA foi enganada sobre armas de destruição maciça
Esta é a primeira vez que um alto responsável da Administração norte-americana admite em público que a Casa Branca foi mal informada sobre a realidade dos arsenais químicos e biológicos desenvolvidos pelo regime iraquiano.
"Constatou-se que a informação era inexacta e falsa e, em certos casos, transmitida deliberadamente", declarou Powell em entrevista à cadeia de televisão NBC.
"Estou profundamente desiludido e lamento", acrescentou o chefe da diplomacia norte-americana, que no início do ano passado foi ao Conselho de Segurança da ONU apresentar aquilo que os EUA consideravam na altura serem provas de que o regime de Saddam Hussein tinha ADM em seu poder.
Na sua longa exposição, Powell garantiu que Washington dispunha de informações em primeira mão sobre a existência de laboratórios móveis onde o regime iraquiano desenvolvia agentes químicos e biológicos, a salvo das inspecções da ONU.
Na altura, o chefe da diplomacia norte-americana revelou que esta e outras informações tinham sido fornecidas por um engenheiro químico, supervisor de uma destas unidades, que fugira do país. Powell garantia mesmo que as suas revelações eram corroboradas "por outras fontes", tais como fotografias de satélite.
"Infelizmente estas informações revelaram-se, com o tempo, inexactas", admitiu agora Powell, sem, no entanto, revelar qual a identidade da fonte.
Contudo, fontes citadas nos últimos meses pela imprensa dos EUA identificam a fonte — baptizada com o nome de "Curveball" — seria irmão de um dos colaboradores de Ahmad Chalabi, um exilado xiita considerado muito próximo dos EUA e que viria a ser nomeado para um dos 25 lugares do Conselho de Governo iraquiano.
Powell lamentou esta situação, mas disse estar de consciência tranquila, já que a sua apresentação no Conselho de Segurança "baseou-se na melhor informação que lhe foi transmitida pela CIA".