Quem é Aung San Suu Kyi?


Aung San Suu Kyi encarna desde 1962 a esperança de um país submetido há quatro décadas à ditadura militar. Prémio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi é filha do herói da luta da independência da Birmânia, o general Aung San, assassinado em 1947, dois anos depois do nascimento de Suu Kyi.
Suu Kyi estudou nas melhores escolas de Rangum e prosseguiu estudos na Índia, para onde a sua mãe foi nomeada embaixadora em 1960, e em Oxford, na Inglaterra.
Assistente na Escola de Estudos Orientais de Londres, ligada ao secretariado do Conselho das Questões Administrativas e Orçamentais das Nações Unidas, Suu Kyi casou em 1972 com o britânico Michael Aris, professor universitário especialista no Tibete e na religião budista. Tem dois filhos.
Regressada à Birmânia em Abril de 1988, Suu Kyi falou pela primeira vez em público em Agosto do mesmo ano, para exigir a formação de um Governo interino e a realização de eleições livres, num país submetido à lei marcial.
No Outono de 1988, percorreu o país para reclamar a democracia, com os militares a tentaram boicotar todos os seus encontros. Suu Kyi foi detida e colocada em prisão domiciliária a 20 de Julho de 1989.
Apesar de privada a liberdade da sua líder, a Liga Nacional para a Democracia, que Suu Kyi co-fundou, venceu as eleições gerais de Maio de 1990, mas os militares recusaram-se a ceder o poder. Todos os partidos políticos foram desmantelados e a maioria dos companheiros de Suu Kyi detidos.
Apelidada de "mãe coragem" da Birmânia, Suu Kyi não deixou de apelar aos seus apoiantes que recorressem a meios de protesto não violentos contra a junta militar.
A atribuição a Suu Kyi do Prémio Nobel da Paz — a sexta mulher a ser galardoada com a distinção — foi proposta pelo Presidente checo, Vaclav Havel. O prémio foi recebido em seu nome pelo seu filho, a 10 de Dezembro de 1991.
Em Julho de 1995, Suu Kyi foi libertada. Passados cinco anos, a junta militar decretou novamente a prisão domiciliária para a líder da oposição, quando Suu Kyi tentava apanhar o comboio para visitar militantes pró-democracia na cidade de Mandalay (Norte).
O seu isolamento não a impediu de conduzir negociações históricas de reconciliação nacional com a junta em finais de 2000. Fonte: AFP




Aung San Suu Kyi deve ser libertada nos próximos dias

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Aung San Suu Kyi DR

"Ela deverá ser libertada nos próximos dias. Todas as indicações vão nesse sentido", disse o responsável das Nações Unidas à AFP.

Razali Ismail é um antigo diplomata malaio que faz, desde 2000, o papel de intermediário entre a junta militar no poder na Birmânia e a oposição, liderada pela Prémio Nobel da Paz.

Suu Kyi, secretária-geral da Liga Nacional para a Democracia (LND), o principal partido da oposição, está em prisão domiciliária desde Maio do ano passado, a sua terceira detenção desde 1988.

A junta birmanesa permitiu, no passado sábado, que a sede da LND reabrisse e libertou da prisão domiciliária, nas últimas semanas, quatro dirigentes do partido.

No final do mês passado, a junta militar anunciou a convocação de uma reunião da convenção nacional para o próximo dia 17 de Maio, da qual sairá um projecto de Constituição com vista a uma democratização do país.

A anterior convenção nacional fracassou, em 1996, depois da oposição, liderada por Suu Kyi, ter batido com a porta em protesto contra a sua subrepresentação e denunciando a tentativa da junta de manipular o processo de forma a justificar a sua estada no poder. Desconhece-se ainda se o partido de Suu Kyi será convidado a estar presente no encontro.

Rangum apresentou em Agosto do ano passado um plano para a democratização do país constituído por sete pontos, cuja primeira etapa era exactamente a reunião da convenção nacional, que agrupa Governo, oposição e minorias étnicas. A última etapa do roteiro é a realização de eleições "livres e justas" em data não precisada.

A detenção de prisioneiros políticos continua a ser um dos calcanhares de Aquiles da junta militar — e uma das razões que mais têm levado as organizações não governamentais internacionais a criticarem o poder birmanês. No centro desses prisioneiros políticos estão a própria Suu Kyi — colocada em prisão domiciliária desde Maio do ano passado, apesar dos vivos protestos da comunidade internacional — e muitos dos membros da Liga Nacional para a Democracia, que, em Maio de 1990, venceu de forma categórica as eleições legislativas democráticas, obtendo 392 dos 485 assentos — mas a junta recusou-se a abandonar o poder e o Parlamento não foi autorizado a ter assento.

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