Presidente ruandês denuncia atitude "vergonhosa" do mundo perante genocídio
"As forças da ONU de manutenção de paz estiveram no Ruanda até pouco antes do genocídio", afirmou Kagame no discurso que marcou o início da principal cerimónia do décimo aniversário do massacre de Kigali.
"Esta presença deu à população a ideia de que não se deviam preocupar porque, se alguma coisa acontecesse, eles estariam lá para os salvar. O que se passou foi uma vergonha", sublinhou o Presidente.
Uma missão de manutenção de paz da ONU (Minuar) foi destacada para o Ruanda no momento do genocídio, mas não foi capaz de evitar o massacre que provocou a morte a mais de 800 mil pessoas segundo os números das Nações Unidas.
"Esperamos e rezamos para que o sistema das Nações Unidas seja reforçado", sublinhou Kagame."Quanto aos franceses, o seu papel no que se passou no Ruanda é evidente. Eles armaram e treinaram conscientemente as tropas governamentais e as milícias que cometeram o genocídio e sabiam que eles iam cometer o genocídio", acusou o chefe de Estado.
A França é acusada de ter apoiado militarmente, mesmo depois dos massacres, o regime hutu extremista no Governo, que planeou o genocídio.
Kofi Annan reconhece responsabilidade da comunidade internacionalNum discurso perante a Comissão dos Direitos Humanos em Genebra, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, reconheceu hoje a responsabilidade da comunidade internacional pelo que se passou no Ruanda há dez anos. A França, por seu lado, refutou todas as acusações que lhe são imputadas.