Alemanha debate limites de velocidade nas auto-estradas
Na maioria das auto-estradas na Alemanha, é possível conduzir sem violar qualquer limite de velocidade, mas essa liberdade está a ser posta em causa. Há cada vez mais defensores da imposição de valores máximos de circulação nas vias rápidas alemãs, onde morrem milhares de pessoas por ano vítimas de acidentes. Mas o Governo e o Chanceler Shroeder estão pouco receptivos a aplicar qualquer restrição aos aceleras. A discussão sobre os limites de velocidade nas auto-estradas divide os partidos políticos e a população. Uma sondagem do canal RTL concluiu que 51 por cento dos alemães querem restrições nas auto-estradas, enquanto 47 por cento afirmam ser contra. A polémica foi reavivada com a morte de uma jovem mãe e da sua filha de dois anos num despiste que, segundo o tribunal, aconteceu quando a condutora se tentava desviar de um Mercedes que viajava, na mesma faixa, a mais de 250 quilómetros por hora. Esta forma de conduzir foi considerada perigosa e levou à condenação a 18 meses de prisão do condutor - Rolf Fischer, um engenheiro de testes de automóveis. "As estradas seriam mais seguras e haveria menos graves acidentes e menos engarrafamentos", defende um membro do grupo parlamentar alemão Os Verdes, Albert Schmidt.Outros políticos citam estudos que mostram que, nas auto-estradas que obrigam a respeitar um máximo de velocidade, acontecem menos mortes e acidentes, bem como menos barulho e poluição. Actualmente, só um terço das vias rápidas na Alemanha tem limites de circulação. "Considero que este debate é completamente supérfluo", disse o chanceler Gerhard Shroeder, depois de alguns deputados de Os Verdes e de alguns membros do seu partido terem pedido a aplicação de um limite de 130 quilómetros nas auto-estradas. Para o líder do partido dos Democratas Livres (FDP) do Norte da Renânia-Vestefália, "os legisladores não devem punir toda a sociedade por erros cometidos individualmente. As velocidades monótonas podem levar a desatenção e, na verdade, causar mais acidentes". A indústria automóvel alemã sempre se opôs à colocação de restrições à velocidade, argumentando que a medida provocaria despedimentos. Marcas como a Porsche, BMW, Mercedes e Volkswagen vendem milhões de carros rápidos em todo o mundo e as auto-estradas alemãs são usadas como um meio para testar a alta performance dos automóveis. "A indústria produz carros de corrida para estradas normais", disse Reinhard Weis, um membro do partido social democrata de Shroeder e um defensor de limites. Rolf Fischer foi o primeiro condutor alemão a ser condenado a uma pena de prisão por ter causado indirectamente um acidente de viação fatal. "Aos olhos de alguns, alguém que conduza a 250 quilómetros por hora numa auto-estrada já é considerado um assassino potencial", disse a juiz Brigitte Hecking que, após a sentença, recebeu ameaças de morte. Para o actual governo alemão, a imposição de limites à velocidade parece uma hipótese remota. "Queremos mais segurança e não mais leis", disse um porta-voz do ministro dos Transportes, Manfred Stolpe. O clube automóvel alemão ADAC, que há muito assume ser contra qualquer restrição, argumenta com estatísticas de outros países que mostram o pouco impacto deste tipo de limites na segurança rodoviária. E alega até que velocidades baixas levam os automobilistas a conduzir muito "colados" ao carro da frente, a perigosas mudanças de faixas e a um aumento dos acidentes. Os defensores dos limites à velocidade apresentam como prova a seu favor o caso da auto-estrada Berlim-Hamburgo, uma das estradas mais mortais do país e onde, há um ano, foi colocado um limite máximo de 130 quilómetros por hora. "O número de acidentes reduziu-se drasticamente e não tem havido desastres fatais", disse o ministro regional dos Transportes de Brandenburgo, Frank Szymanski.