Genoma da galinha foi descodificado

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O primeiro rascunho dos genes da galinha já está disponível na base de dados pública GenBank DR

É ainda um primeiro rascunho, que será aperfeiçoado em trabalhos posteriores destinados a eliminar as gralhas de leitura da enorme molécula de ADN. Para já, pode dizer-se que o genoma da galinha, a primeira ave a ter os genes descodificados, é composto por mil milhões de pares de bases, ou nucleótidos - os constituintes químicos elementares que compõem a grande molécula de ADN, feita por duas cadeias em forma de dupla hélice. Cada cadeia é formada pela repetição das quatro unidades químicas: adenina, timina, guanina e citosina, designadas pelas letras A, T, G e C. Um gene é um conjunto dessas letras, numa ordem específica, que encaixam aos pares, até porque A emparelha com T e G com C.

A equipa que descobriu a sequência das letras do genoma da galinha foi coordenada por Richard Wilson, da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos. O NHGRI financiou o projecto com 13 milhões de dólares (quase o mesmo em euros).

A galinha objecto de estudo deste trabalho, que começou em Março do ano passado, é da espécie "Gallus gallus", o antepassado selvagem da galinha doméstica, oriundo do Sudeste asiático. O seu genoma junta-se agora a outros já descodificados, como o do homem, chimpanzé, ratinho, do arroz, da mosca-do-vinagre, do verme "Caenorhabditis elegans" ou do fungo "Saccharomyces cerevisiae" (o vulgar fermento do padeiro).

O primeiro rascunho dos genes da galinha já está disponível na base de dados pública GenBank, do Centro Nacional para a Informação Biotecnológica dos EUA (no endereço (www.ncbi.nih.gov/Genbank). O GenBank irá distribuí-lo ao Banco de Dados de ADN do Japão (www.ddbj.nig.ac.jp ) e à Base de Dados de Sequência de Nucleótidos do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (no endereço http://www.ebi.ac.uk/embl/index.html ).

Os investigadores também já disponibilizaram um rascunho sobre a comparação do ADN da galinha com o do homem, diz um comunicado de imprensa do NHGRI.

Este não é o único anúncio relativo à galinha. Também uma equipa internacional, liderada pelo Instituto do Genoma de Pequim, na China, e apoiada pelo Wellcome Trust, da Grã-Bretanha, apresentou um mapa da variação genética entre três variedades de galinhas domésticas (do Reino Unido, da Suécia e China). Tal como aconteceu com o genoma da galinha, em breve também este mapa vai estar disponível no GenBank.

O surto da gripe das aves, com que alguns países asiáticos ainda se confrontam, renovou o interesse dos cientistas em saber mais sobre os genes da galinha e de como as variações genéticas entre diferentes variedades de galinhas pode conferir maior ou menor susceptibilidade às doenças. A comparação do genoma humano com o de outros organismos, incluindo a galinha, também poderá ajudar a compreender a estrutura e função dos genes e permitir o desenvolvimento de novas estratégias de combate às doenças humanas.

"Além do tremendo valor económico, como fonte de ovos e carne, a galinha é muito usada na investigação biomédica. É um importante modelo no estudo de embriologia e desenvolvimento, bem como para investigar a ligação entre vírus e alguns tipos de cancro", diz também o comunicado de imprensa, para sublinhar a importância da sequenciação dos genes da galinha.

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