Consumo de tranquilizantes em Portugal subiu 26 por cento entre 1995 e 2001

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O estudo apurou que o uso prolongado destes medicamentos é maior nas pessoas mais velhas David Clifford (PÚBLICO)

De acordo com o Observatório do Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento, o aumento na utilização destes fármacos ocorreu quase exclusivamente nas benzodiazepinas ansiolíticas, estimando-se que, em 2001, cerca de 8,9 por cento dos utentes do Serviço Nacional de Saúde estavam a ser tratados com este tipo de medicamento.

Intitulado a "Evolução do consumo de benzodiazepinas em Portugal, de 1995 a 2001" e divulgado em Dezembro de 2002, o estudo alerta para a "elevada utilização" de duas benzodiazepinas em particular - o alprazolan e o lorazepam - que têm um "elevado potencial de abuso" por parte dos seus utilizadores. O que, prossegue o estudo, levanta "preocupação" por "poder reflectir uma baixa percepção deste assunto por parte dos médicos".

Sujeitas a receita médica, as benzodiazepinas foram introduzidas na prática clínica nos anos 60 e, "apesar de serem fármacos com uma relação benefício-risco positiva (...), causam dependência física e psíquica (...), existindo a possibilidade de serem utilizados abusivamente ou associados ao consumo de drogas ilícitas".

O "principal problema" destes medicamentos surge assim associado ao seu uso inapropriado, nomeadamente em casos em que as benzodiazepinas são receitas sem necessidade, em utilizações prolongadas, para doentes com risco de suicídio, sem descontinuação cuidada ou quando são receitadas por vários médicos para um único doente.

O estudo apurou ainda que o uso prolongado destes medicamentos é maior nas pessoas mais velhas, estando o consumo de benzodiazepinas por idosos associado "a um elevado número de quedas, que causam fracturas da anca e do fémur, e a um aumento dos acidentes de viação".