Santana Lopes apresenta projectos da União das Capitais de Língua Portuguesa
"Temos de trabalhar na UCCLA e nas cidades que representa, com o amor que devotamos à população de Lisboa", disse ontem Santana Lopes, na conferência de imprensa que serviu de balanço dos principais projectos que estão a ser desenvolvidos no âmbito desta instituição. O presidente da câmara de Lisboa falou na condição de presidente da comissão executiva da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA).Em pouco mais de meia hora, ladeado pelo secretário-geral da instituição, António Homem de Gouveia, Santana Lopes referiu uma diversidade de projectos que estão em curso em diferentes países lusófonos, apresentou a edição cabo-verdiana do dicionário Houaiss, elogiou o projecto da UCCLA junto de imigrantes e dos filhos de imigrantes oriundos de países de língua oficial portuguesa e destacou o aumento substancial do orçamento da instituição: "A UCCLA contou com 50 mil contos [250 mil euros] em 2002, este ano pôde contar com 500 mil contos [2500 euros]. Significa que volta a ter meios financeiros para traduzir em obra concreta".Entre os variados projectos em Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Timor e Guiné-Bissau, o autarca destacou a reconstrução da Casa dos Rapazes do Huambo, em Angola, cujo projecto está aprovado e o concurso lançado e que se destinará a órfãos de guerra que ali receberão acolhimento e formação profissional. Também em Angola, a UCCLA está a colaborar na recuperação do centro histórico de Luanda, um bairro actualmente ocupado por prostituição e tráfico de drogas. Em Moçambique, vai ser recuperada a Fortaleza da Ilha de Moçambique. A instituição conta assinar em breve o protocolo com a UNESCO. O restauro integral do monumento é patrocinado pela UCCLA e pela cooperação japonesa. Também em Moçambique, foi criado em Maputo, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, um sistema de gestão dos recursos sólidos urbanos e recuperados equipamentos abandonados. A acção, ressalvou Santana Lopes, é especialmente importante devido à incidência da malária na capital moçambicana. "É pena que a imprensa moçambicana não tenha em Portugal a divulgação desejada para verem o impacto que esta iniciativa teve em Maputo", disse Santana Lopes. Este ano, em Cabo Verde, a instituição financiou no âmbito de "Mindelo Capital Lusófona da Cultura" o espectáculo da Ópera Crioula, o Festival Clássico, apoiou o MindelAct-Festival de Teatro, a sonorização do Cinema Eden Park, entre outras iniciativas. O presidente da câmara de Lisboa realçou também a construção da Casa Padja, na Cidade da Praia, em Cabo Verde, "um símbolo da arquitectura do país" onde será instalada uma delegação da UCCLA e a conclusão da Avenida Cidade de Lisboa, na Praia. "As obras podem começar já no início de 2004. É uma avenida lindíssima onde bem cedo, às 5h, 6h da manhã, os habitantes, incluindo o Presidente da República, Pedro Pires, fazem o seu 'jogging'", disse Santana Lopes.Na Guiné-Bissau, a instituição está a recuperar o Forte do Cacheu, um dos primeiros na África Ocidental e a ampliar a escola da UCCLA, "a única que nunca parou" no país durante a guerra recente mas que sofreu danos consideráveis. Neste Natal, a escola recebeu cerca de 400 quilos de brinquedos novos. A cidade de São Tomé, em São Tomé e Príncipe, teve este ano, por oferta da autarquia de Lisboa, a sua primeira iluminação de Natal. Na ilha de São Tomé, a UCCLA está a construir a escola da Água Grande, que vai garantir ensino básico a mais de 240 crianças. "Esta obra enche-me de júbilo - não é ideia vaga nem projecto de intenções, é obra", disse Santana Lopes. As obras vão custar cerca de 500 mil euros.O presidente da câmara de Lisboa elogiou ainda o trabalho desenvolvido pela UCCLA - "uma organização discreta e eficaz" - no apoio dado aos imigrantes e filhos de imigrantes oriundos de países de língua oficial portuguesa que procuram emprego em Portugal. A iniciativa chama-se Unidade de Inserção na Vida Activa (UNIVA) e nasceu de um protocolo assinado em 1999 entre a UCCLA e o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Só no ano de 2003, a UNIVA apoiou um total de 363 pessoas de países lusófonos mas também de países como a Ucrânia, Camarões e Senegal.