Painel de azulejos de Graça Morais , jardim futurista, labirinto vegetal...

Como transformar uma escola num espaço onde apeteça estudar? Quando foi eleita presidente do conselho executivo da Escola Básica Monsenhor Jerónimo do Amaral, Maria da Glória Souto herdou um estabelecimento de ensino como tantos outros: com instalações físicas degradadas, sem espaços exteriores cuidados, sem jardins, com arbustos e árvores mal tratados, sem um único banco exterior e com pouquíssimas papeleiras. Em seis anos, a sua equipa transformou todo o estabelecimento. Actualmente, a escola é uma pequena caixa de surpresas. É o único estabelecimento de ensino do país que ostenta um painel de azulejos de grandes dimensões (7x5 metros) da pintora Graça Morais. A própria artista, de raízes transmontanas, conta que quando visitou o estabelecimento de ensino pela primeira vez ficou "encantada". "Esta escola é um exemplo a nível nacional. No meio de uma construção que é pobre, esta equipa conseguiu melhorar os espaços exteriores, torná-los agradáveis e convidativos para que quem cá ande se sinta bem", comentava ao PÚBLICO Graça Morais, no dia da inauguração do seu painel de azulejos, em Junho deste ano. Sensibilizada com o projecto da escola, Graça Morais ofereceu o desenho do painel e a escola conseguiu financiamento para a sua execução através do Programa de Valorização Estética de Espaços Educativos. A Monsenhor Jerónimo do Amaral tem sido, aliás, uma das escolas que tem ganho mais concursos relativos à beneficiação estética dos seus espaços exteriores. Além da obra de Graça Morais, já foi financiada a execução de outros três painéis de azulejos, concebidos por uma arquitecta docente da escola - Anabela Quelhas - e alguns alunos. Mas a reabilitação dos espaços exteriores da escola não se ficou por estes projectos: o estabelecimento conseguiu ainda financiamentos do Programa Líder para a execução de dois jardins, o Jardim Futurista e o Labirinto Vegetal. Actualmente, basta dar uma pequena volta neste estabelecimento para perceber o cuidado e o carinho estético com que cada canto e recanto foram tratados. Na verdade, os pormenores sucedem-se: além dos painéis de azulejos e dos jardins, em tudo se nota uma grande preocupação estética. A escola tem um banco lúdico - Espaço Brincológico - que dá para as crianças estarem sentadas, deitadas, encostadas, de pé ou abrigadas; um muro ondulante e colorido, revestido com pastilha cerâmica; um campo de jogos tradicionais, etc,etc. Quase todos estes espaços e obras foram concebidas pelos alunos e pela arquitecta Anabela Quelhas, que assessorou a equipa de Glória Souto e que foi, no fundo, um pouco a alma do projecto. O conselho executivo criou ainda uma biblioteca, onde se realizaram já actividades ligadas à arte, ciência e literatura, bem como diversas feiras e exposições, e um auditório. Com tudo isto, os alunos são unânimes a afirmar que se sentem mais ligados à escola e os próprios pais também se aproximaram do estabelecimento. "Procurámos requalificar espaços tendo sempre em conta duas perspectivas: torná-los esteticamente motivadores e funcionalmente adequados", sublinha Glória Souto. "Pretendíamos criar uma escola onde apetecesse habitar, que facilitasse o sentimento de pertença à escola", acrescenta por seu lado Anabela Quelhas. Toda a valorização estética teve sempre como objectivo implícito um lado pedagógico. "Quisemos criar espaços de lazer e convívio que potenciassem boas relações de convívio, respeito pelos espaços e, de certa forma, ajudasse a diminuir a agressividade das crianças", acrescenta Glória Souto. A equipa liderada por Glória Souto já não está à frente dos destinos desta escola. No início deste ano lectivo, a Monsenhor Jerónimo do Amaral foi transformada na escola-sede de um vasto agrupamento que reúne 63 estabelecimentos de ensino e cerca de 2000 alunos, desde a "pré-primária" ao 3º ciclo. Glória Souto candidatou-se à liderança da Comissão Executiva Instaladora deste agrupamento, mas perdeu as eleições em favor de Vítor Almeida. Este responsável garante contudo continuar o trabalho de valorização estética de espaços, mas assente numa nova filosofia que visa sobretudo permitir a realização de actividades entre as escolas do agrupamento.

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