Hamas oficializa fim da trégua (actualização)

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O anúncio foi feito horas depois do Exército israelita ter matado um dos principais líderes políticos do Hamas AP

"Após o assassinato de Abu Chanab, um dos chefes políticos do Hamas, e de dois guarda-costas do movimento, após este crime terrorista, o Hamas anuncia que a iniciativa de congelar a acção militar terminou", lê-se num comunicado emitido esta tarde em Gaza. "O primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, e a sua mafia sionista devem assumir a total responsabilidade", acrescenta a nota.

Horas antes, Ismail Haniya, alto-responsável do movimento integrista tinha já anunciado, essa intenção: "o assassinato de Abu Chanab constitui um assassinato do cessar-fogo".

Num outro comunicado, as Brigadas Izz Din al-Qassam, o braço armado do movimento, exorta "todas as células de combatentes da Palestina a atacar todos os recantos do Estado judeu".

Por seu lado, a Jihad Islâmica, o outro movimento radical palestiniano comprometido na trégua, garante ainda não ter tomado uma decisão final sobre esta matéria, mas promete para hoje o anúncio de uma posição definitiva. Segundo o movimento, a morte de Abu Chanab, "uma figura política e não um militar", constitui "um grande crime".

Israel já minimizou a importância do anúncio do movimento integrista. "Este anúncio é ridículo, vindo de um movimento que reivindicou um terrível atentado depois de ter tentado cometer vários outros nas duas últimas semanas", declarou o director-adjunto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Gideon Meir, numa referência ao atentado-suicida que na passada terça-feira matou 20 israelitas em pleno centro de Jerusalém.

"Desde que a trégua foi anunciada que estamos convencidos de que se tratava de uma bomba ao retardador", acrescentou o responsável do Governo israelita, para quem a Autoridade Palestiniana deveria ter optado por desarmar os movimentos armados.

Entretanto, o Exército israelita justificou o raide contra o responsável do Hamas, afirmando que Abu Chanab estava a preparar novos atentados contra Israel, a coberto da trégua em vigor há quase dois meses. "A morte de Abu Chanab salvou inúmeros civis israelitas e evitou muito mais perdas", afirmou um porta-voz do Exército hebraico.

Preocupado com os efeitos de uma nova escalada de violência na região, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell exortou o líder da Autoridade Palestiniana, Yasser Arafat, a ordenar às suas forças de segurança que detenham todos aqueles que põem em causa os esforços internacionais de paz.

Abu Chanab, considerado o número três da ala política do Hamas, era visto pelos palestinianos como um dos mais moderados líderes do movimento integrista, o que levou o primeiro-ministro palestiniano, Abu Mazen, a classificar o seu assassinato como "um crime horrendo".

Chanab e os seus dois guarda-costas morreram quando o carro em que seguiam, no centro de Gaza, foi atingido por cinco mísseis disparados por um helicóptero de assalto israelita.

O raide contra o responsável do Hamas ocorreu horas depois do Governo israelita ter aprovado uma série de medidas em retaliação pelo atentado de terça-feira. No mesmo sentido, o Exército israelita efectuou incursões nas cidades de Nablus, Hebron, Tulkarm, Ramallah e Jenin (na Cisjordânia), detendo pelo menos 20 alegados activistas. Numa destas operações, os militares israelitas dinamitaram a casa da família do bombista-suicida, situada no centro de Hebron.