Vieira da Silva coordenou ontem, na Sertã, uma reunião de autarcas e deputados socialistas sobre o assunto, destinada a preparar a prestação do PS no debate da próxima quinta-feira, na comissão permanente da Assembleia da República.

O dirigente socialista defendeu a necessidade de um "plano estratégico" de reflorestação e reordenamento dos concelhos cujo "potencial de desenvolvimento" (ou até de mera sobrevivência) foi mais afectado pelos fogos. Concelhos, por exemplo, que viviam ou da floresta ou da caça ou do turismo. O Governo "tem a responsabilidade de criar instrumentos específicos para a recuperação destes concelhos", acrescentou Vieira da Silva.

Na reunião de ontem - onde, de acordo com o dirigente, terão participado cerca de 40 autarcas e deputados socialistas - "identificaram-se os factores que estiveram na origem da dimensão que o problema atingiu".

Esses factores foram, na visão de Vieira da Silva, o "desinvestimento na prevenção" e as "deficiências de coordenação" geradas por uma recente reestruturação na orgânica da protecção civil. Por outras palavras: o PS não subscreve a teoria governamental segundo a qual o essencial da culpa é da meteorologia.

Na reunião da Sertã procedeu-se a uma avaliação da situação - que revela "situações muito diferenciadas entre si" -, mas o PS recusa entrar numa "guerra de números" sobre a àrea ardida. "Isso seria completamente deslocado", explicou o porta-voz socialista. Hipótese que, segundo Vieira da Silva não está ainda completamente descartada é a do PS vir a apresentar, na Assembleia, iniciativas legislativas sobre a temática dos incêndios.

Tais projectos não deverão, no entanto, abordar a orgânica da protecção civil porque, segundo Vieira da Silva, "não há tradição" de um partido da oposição apresentar diplomas sobre a organização de serviços tutelados pelo Executivo.