Lula da Silva, que conclui o segundo dia da sua visita oficial a Portugal com um jantar na residência de Jorge Sampaio, manifestou-se bastante satisfeito com a troca de compromissos com Durão Barroso. Terminado o encontro entre os dois altos responsáveis, que decorreu na residência oficial do primeiro-ministro português, Lula e Barroso avançaram aos jornalistas algumas das questões abordadas na reunião, com especial destaque para os imigrantes brasileiros em situação ilegal no país.

No encontro de hoje foram assinados os três acordos entre os dois países: contratação recíproca de nacionais, facilitação de circulação de pessoas e prevenção e repressão do tráfico ilícito de migrantes.

Durão Barroso sublinhou que os consensos alcançados entre Brasília e Lisboa vão "resolver situações pendentes", nomeadamente de imigrantes brasileiros ilegais em Portugal, ao que Lula da Silva respondeu agradecendo "o carinho" manifestado pelo "ministro Barroso".

"Se depender do Governo brasileiro, da minha disposição pessoal e da disposição do povo brasileiro, não haverá um único problema entre o Brasil e Portugal que não seja resolvido diplomaticamente", disse ainda o chefe de Estado.

Durão Barroso respondeu às palavras do Presidente com a garantia de que Portugal "tudo fará" para "pôr em prática o mais rapidamente possível" os acordos hoje assinados, assegurando que os acordos firmados entre os dois países vão "facilitar a circulação nos dois sentidos e resolver situações pendentes".

Um dos acordos, intitulado Acordo de Contratação Recíproca, destina-se a facilitar a resolução da situação de milhares de imigrantes brasileiros em Portugal, permitindo-lhes obter um visto de trabalho em qualquer posto consular português, como por exemplo Vigo e Sevilha, em Espanha.

A Lei de Estrangeiros em vigor em Portugal desde Março deste ano obriga a que os imigrantes entrados no país depois de Novembro de 2001 obtenham um visto de trabalho junto de um consulado português no seu país de origem.

No âmbito do acordo, será criada uma comissão bilateral, que se reunirá nos próximos 15 dias, em Portugal, para definir os mecanismos necessários à regularização da situação dos imigrantes brasileiros.

O primeiro-ministro português enalteceu a "relação de amizade" e a "cumplicidade estratégica" que existem entre Portugal e Brasil e lembrou que a relação existente entre os dois países "está acima das conjunturas políticas e partidárias". "Queremos estar ao lado do Brasil na tarefa do desenvolvimento, queremos o sucesso do Brasil e o sucesso do Presidente Lula será o sucesso do Brasil", afirmou Durão Barroso, realçando que quanto às relações económicas "é tempo de o Brasil investir em Portugal".

Lula da Silva retorquiu que o Brasil "não pode prescindir da relação de 503 anos" que mantém com Portugal, mostrando interesse pelo mercado europeu.