Ferro Rodrigues diz-se alvo de "calúnia infame" e afasta demissão

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Ferro Rodrigues sublinhou que as suspeitas que lhe haviam chegado acerca destas "invenções caluniosas" infelizmente se confirmaram DR

A posição do secretário-geral do PS foi assumida em comunicado enviado à Lusa e surge como reacção a uma notícia publicada na edição de hoje do jornal "Expresso", que relaciona Ferro Rodrigues com o caso de pedofilia, indicando que o líder dos socialistas "consta do processo".

O semanário diz que Ferro Rodrigues "foi referido por quatro jovens como tendo estado presente em locais onde ocorreram práticas pedófilas, segundo as informações que chegaram a dirigentes socialistas".

O "Expresso" escreve que apenas conseguiu confirmar a existência de um depoimento de uma testemunha, segundo a qual terá sido o próprio Paulo Pedroso a referir o nome do líder do PS, ao pedir que fossem contratados jovens para um encontro".

No mesmo comunicado, o secretário-geral do PS sublinha que as suspeitas que lhe haviam chegado acerca destas "invenções caluniosas" infelizmente se confirmaram. "Na quarta-feira, alertei os portugueses que estava em curso uma calúnia infame contra dirigentes do PS. Os últimos desenvolvimentos reforçam a minha profunda indignação face a estas invenções caluniosas" e, "infelizmente, confirmaram que as preocupações resultantes das suspeitas que me chegaram há mais de quinze dias eram justificadas", afirma Ferro Rodrigues.

"A reacção firme que assumi [na quarta-feira, após reunião do Secretariado Nacional do PS], com frontalidade, está agora ainda mais justificada. Face ao que está em causa, todos perceberão, mesmo os que me criticaram, a justeza dessa reacção", sustenta o secretário-geral do PS, deixando nesta nota o sinal de que irá continuar na liderança dos socialistas.

Ferro Rodrigues deixa ainda um aviso sobre o seu futuro político. "Que fique bem claro: o nosso combate sereno mas determinado é e será, apenas e só, contra aqueles que estão na origem destas calúnias, seja qual for o seu objectivo. O PS, como todos os portugueses, quer somente a verdade e a justiça", salienta o ex-ministro socialista.

O secretário-geral socialista confirma ainda que, no próximo domingo, se realiza uma reunião da Comissão Nacional, órgão máximo do PS entre congressos. "Essa será a ocasião apropriada para, dirigindo-me naturalmente em primeiro lugar aos socialistas, responder com firmeza e energia a este momento de extrema gravidade", assegura Ferro Rodrigues.

Ontem, o secretário-geral do PS já havia alertado para a possibilidade de surgirem novas notícias, durante o fim-de-semana, sobre o seu alegado envolvimento no caso de pedofilia da Casa Pia.

Presente numa homenagem ao economista Silva Lopes, que decorreu em Lisboa, Ferro Rodrigues garantiu saber que as tentativas para "mancharem" o seu nome iriam continuar nos próximos dias, possivelmente através de um jornal semanário. Sem nunca mencionar directamente a publicação a que se referia, o secretário-geral dos socialistas lançou, no entanto, algumas pistas.

"Não é muito difícil saber, em Portugal, quais são os jornais semanários e como procuram fazer notícias daquilo que já foi dito e que eu próprio já referi", começou por dizer Ferro Rodrigues, garantindo que neste fim-de-semana "vão continuar a surgir mais notícias" sobre a sua pessoa.

Na quarta-feira, dia em que o deputado socialista Paulo Pedroso teve a sua imunidade parlamentar levantada na Assembleia da República e foi interrogado no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, Ferro Rodrigues, no final de uma reunião do Secretariado Nacional do PS, afirmou que existe uma "montagem organizada" de pessoas "com pseudo provas" para envolver o seu nome no escândalo de pedofilia, prometendo aos "caluniadores" o combate da sua vida.

"As mesmas fontes credíveis que informaram o PS há 12 dias" sobre um possível envolvimento de Paulo Pedroso no processo da Casa Pia "também me fizeram chegar essa ideia em relação a mim", afirmou então o líder socialista.

"Essas fontes disseram-me que há uma arquitectura de testemunhos contra mim, não por ser ex-professor do ISCTE, mas por ser secretário-geral do PS", acrescentou o líder socialista.

Paulo Pedroso encontra-se em prisão preventiva desde quinta-feira.