Director financeiro de instituição social detido por suspeitas de pedofilia

O director financeiro do Centro Social e Paroquial São Pedro de Maceda, Ovar, está detido preventivamente por suspeitas de práticas pedófilas, alegadamente com crianças que lhe eram confiadas. O indivíduo, de 45 anos, casado, com filhos, natural e residente em Maceda, foi detido anteontem pela Polícia Judiciária (PJ) e ouvido durante a tarde de ontem pelo Tribunal de Ovar que decretou a sua prisão preventiva. Depois da audição, o detido, agora constituído arguido, foi levado para o Estabelecimento Prisional de Aveiro. A PJ refere, em comunicado, que o indivíduo é suspeito de abusar sexualmente "de forma continuada", de "pelo menos" três rapazes entre os seis e os 12 anos. Ou seja, que terá aproveitado o cargo que exerce para práticas pedófilas, no ano lectivo 2001/02. O director das Piscinas Municipais de Ovar, Valdemar Resende, revelou que o caso está a ser investigado há dois anos, altura em que a estrutura que preside foi contactada pelas autoridades policiais. "Fomos abordados, no sentido de prestar todo o apoio para que a situação pudesse ser clarificada", referiu. A direcção das piscinas municipais concedeu, de imediato, "todas as facilidades" para o desenrolar das averiguações, nomeadamente colocando à disposição das autoridades as fichas de inscrição das crianças. Por outro lado, Valdemar Resende adiantou que foi pedido ao indivíduo, que acompanhava as crianças da instituição de Maceda às piscinas, para não entrar nos balneários masculinos. Uma sugestão que foi acatada sem problemas. "Não teve nenhuma reacção anormal". No entanto, o responsável pelas piscinas referiu que o suspeito "tinha uma forma anormal de tratar as crianças". "Punha as mãos nas crianças", especificou. Numa acção concertada com a PSP local, o presidente da Câmara de Ovar, Armando França, contou ao PÚBLICO que quando teve conhecimento das suspeitas, que "teriam partido de uma denúncia anónima", comunicou o caso ao Ministério Público (MP). "Logo que me chegaram aos ouvidos as suspeitas, em Dezembro do ano passado, contactei o MP para que investigasse exaustivamente todos os factos", lembrou o autarca. Depois disso, a PJ "iniciou o seu trabalho". Armando França revelou ainda que, a partir daí, tentou acompanhar o processo. "Comecei a acompanhar este assunto com muita atenção, dada a gravidade e a delicadeza do processo". De qualquer forma, o presidente da câmara vareira adiantou que "a pessoa é aparentemente insuspeita e totalmente idónea". Um dos responsáveis pelo Centro Social e Paroquial de Maceda, que não se quis identificar, dizia, antes do director financeiro ser ouvido, que este assunto só poderia ter tido origem "numa denúncia mal fundamentada". "A direcção não sabe a origem da detenção", confessou. Para além disso, o membro da direcção, "chocado" pelos acontecimentos, demonstrou "total confiança" no funcionário que trabalha na instituição há cerca de 12 anos. Uma entidade que alberga as valências tradicionais de um centro social, ou seja, lar de terceira idade, centro de dia, ATL, apoio domiciliário, creche e jardim de infância. Ao todo, mais de cem crianças frequentam a referida estrutura. Por seu turno, a directora da instituição, Sandra Silva, que ocupa o cargo desde Outubro passado, disse apenas que "o assunto está entregue às autoridades competentes". "É uma novidade se realmente é verdade. Mas custa a acreditar". Junto ao Tribunal de Ovar, Serafim Aniceto, que tinha ouvido a história às sete da manhã, na fábrica onde trabalha, disse que estava surpreendido com o sucedido. "Ele dá catequese, ensaia antes das missas, toca órgão e guiavas as carrinhas", acrescentou a propósito do homem que diz conhecer "de vista".O PÚBLICO tentou entrar em contacto, sem sucesso, com o presidente do Centro Social e Paroquial São Pedro de Maceda, Florentino Sousa, o pároco da freguesia.

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