"O Pesadelo de António Maria" é um pequeno filme de dois minuto e meio, realizado por Joaquim Guerreiro, caricaturando António Maria da Silva, ministro da I República, que foi exibido pela primeira vez a 25 de Janeiro de 1923, numa peça de teatro de revista no Éden-Teatro, em Lisboa.

O tempo encarregou-se de destruir a fita e depois de décadas de esquecimento, os 150 desenhos originais do filme foram encontrados por um coleccionador num alfarrabista.

"Depois de muitas voltas, os desenhos chegaram às minhas mãos, digitalizei-os e fiz a montagem muito perto do original", revelou Paulo Cambraia, presidente da associação Cartoon Portugal, que reconstruiu o filme utilizando algumas anotações inseridas nas próprias imagens.

No entender do produtor, este filme assinala o nascimento do cinema de animação em Portugal, pelo que merece ser divulgado e assinalado.

Para 2003, o responsável "e um grupo de pessoas" projectaram várias iniciativas, entre elas a exibição do filme no Fórum Lisboa, ainda no primeiro trimestre, acompanhado de uma pequena rábula teatral para enquadrar o ambiente da época.

Para o final do ano, os promotores esperam editar um DVD "com a animação, imagens da época, fotografias, textos sobre o filme e as personagens e com um enquadramento histórico", referiu Paulo Cambraia.

Com a exibição nacional de "O Pesadelo de António Maria", Paulo Cambraia espera "dar aos responsáveis e às gerações de realizadores um passado e um enquadramento do cinema de animação em Portugal".

Incluída nesta iniciativa está também a exibição de "Automania", filme de animação de Servais Tiago, que cumpre este ano seis décadas desde a estreia, e uma retrospectiva do cinema animado nacional até aos anos 70.

"Por amor à camisola", as iniciativas estão a ser programadas com dinheiro do "próprio bolso" dos divulgadores, com o apoio do Cinanima, embora esperem conseguir financiamento do Ministério da Cultura.

"O Pesadelo de António Maria" foi exibido no festival de cinema de animação Cinanima de 2001 e, na edição do ano passado, a organização do certame instituiu o prémio de carreira António Maria, que distinguiu Mário Neves, pioneiro nesta área.