Ex-alunos da Casa Pia indignados com Luís Filipe Pereira

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Os dois ex-alunos casapianos foram hoje recebidos, a seu pedido, pelo primeiro-ministro, a quem avançaram informações sobre as alegadas práticas de abusos sexuais na instituição, das quais Carlos Silvino, conhecido como "Bibi", é o principal suspeito. O ex-funcionário da Casa Pia encontra-se em prisão preventiva desde 26 de Novembro, por decisão de um juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

No final do encontro com Durão Barroso, Pedro Namora reafirmou a confiança que os antigos alunos têm na actual direcção da Casa Pia e deixou algumas críticas a Luís Filipe Pereira.

"É incrível que quem tenha a tutela de uma instituição - que é só a maior do país - desconheça que tem essas funções", sustentou, referindo-se às declarações do actual ministro da Saúde na sua audição no Parlamento sobre o caso.

Questionado sobre a suspensão do ex-provedor adjunto da Casa Pia Manuel José Abrantes, Pedro Namora limitou-se a responder que o nome não consta dos documentos com alegadas provas de práticas pedófilas na instituição entregues às autoridades.

O antigo aluno da instituição revelou que continua a receber documentos de ex-casapianos que alegam ter sido vítimas de actos pedófilos, e hoje mesmo lhe chegou às mãos alegadas provas de que Teresa Costa Macedo conhecia o que se passava na instituição, ainda antes de 5 de Junho de 1980, quando visitou a Casa Pia com o então Presidente da República Ramalho Eanes.

Para Pedro Namora, as cumplicidades que permitiram a existência de abusos sexuais de alunos da Casa Pia "já não existem", ao contrário da rede que "continua activa", com eventuais ligações internacionais.

"Se envolve médicos, diplomatas, gentes das artes e de quase todos os domínios nacionais, é porque tem tamanha dimensão que não acaba de um dia para o outro", sustentou.

Além do primeiro-ministro, Pedro Namora e Adelino Granja foram já ouvidos por todos os partidos com assento parlamentar, à excepção do CDS-PP. Os termos de uma carta enviada pelo líder parlamentar deste partido, Telmo Correia, geraram a polémica entre o CDS-PP e os ex-alunos, que se recusam a encontrar-se com os deputados populares, enquanto o convite para uma audição não for reformulado.