Multinacional inglesa de calçado despede 588 pessoas em Castelo de Paiva
À semelhança do ocorrido em Arouca - a produção foi deslocalizada para a Índia -, este fecho prende-se com a necessidade de redução de custos: "(...) O sucesso actual e futuro da companhia é baseado na margem de competitividade obtida em produtos de valor excepcional provenientes na maior parte do Extremo Oriente", pode ler-se num comunicado da empresa.
Tal como em Arouca, a administração alega ainda a diminuição das encomendas. A administração da Clarks fez ainda saber que a maioria dos 588 trabalhadores "finalizarão os contratos em Abril", sendo que "um pequeno grupo de pessoas continuará a trabalhar até meados do ano para completar encomendas existentes".
O Sindicato de Calçado de Aveiro e Coimbra afirma que "os argumentos da empresa são falsos", uma vez que "não tem qualquer diminuição de encomendas mas, pelo contrário, tem canalizado as existentes para outras empresas do grupo situadas em países onde os salários são uma completa miséria, tais como Índia e China". O sindicalista Manuel Graça recordou ao PÚBLICO que, na altura em que foi encerrada a fábrica de Arouca, a Claks comprou o grupo alemão de calçado Elefanten, que possui uma unidade em Vila Nova de Gaia e que se encontra em plena laboração.
Presente em Castelo de Paiva desde 1988, a Clarks chegou a ter 800 trabalhadores, altura em que a produção ascendia os 1,2 milhões de pares. Contudo, conforme explica a própria empresa, "nos anos recentes o número de pessoas foi diminuindo devido à importação de gáspeas (sapato semi-acabado) da Índia e da Roménia, com o objectivo de manter uma estrutura de preços competitiva".
Em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Câmara de Castelo de Paiva revelou já ter encetado contactos com o ministro da Economia, o secretário de Estado do Trabalho, o Instituto de Emprego e Formação Profissional e a Agência Portuguesa para o Investimento com vista a encontrar uma solução para os 588 despedidos. O que não será nada fácil, como explicou Paulo Texeira, porque, para além do isolamento do concelho, a Clarks era a maior empregadora da região - a indústria emprega, incluindo a multinacional inglesa, duas mil pessoas.
O PÚBLICO tentou, sem êxito, falar com a administração da Clarks.