Manuel Alegre: Protecção Civil de Águeda "é uma autêntica ficção"
"Não há prevenção nem informação em Águeda e as pessoas continuam a ser apanhadas de surpresa. A Protecção Civil Municipal é uma autêntica ficção", disse o deputado socialista à Lusa.
"Os bombeiros tiveram a acção meritória de sempre, mas a Protecção Civil Municipal revelou uma descoordenação total e as poucas informações que deu foram inexactas", acusou.
Dirigindo as suas críticas para o presidente da Protecção Civil Municipal e presidente da Câmara, o social-democrata Castro Azevedo, Manuel Alegre acusou-o de "nada perceber" de cheias.
"Qualquer aguedense como eu olha para o rio e consegue determinar se haverá, ou não, cheias nas próximas horas", comentou.Para sustentar a alegada ineficácia da Protecção Civil Municipal, o deputado socialista disse que teve de pedir apoio à Protecção Civil Nacional para que familiares seus, residentes no centro de Águeda, fossem socorridos por uma lancha dos bombeiros.
Manuel Alegre diz que o problema das cheias em Águeda agravou-se em 1994 quando foi construída a estrada dos Abadinhos, que liga Águeda ao IP 5 passando pelo leito de cheias em paredão e não em viaduto, e afiançou que avisou o Governo da altura para essa probabilidade, através de requerimentos.
As maiores cheias dos últimos 50 anos em Águeda viriam a acontecer em Dezembro do ano seguinte, 1995.
O deputado acusou ainda a Câmara de autorizar construções no leito de cheias, o que diz ser mais um contributo para as cíclicas cheias na baixa de Águeda.
Castro Azevedo diz que Manuel Alegre está "desfasado da realidadeO presidente da Câmara e da Protecção Civil Municipal refutou as acusações, dizendo que partiram "de quem está desfasado da realidade actual de Águeda".
Castro Azevedo assegurou que a Protecção Civil funcionou "dentro do timing possível, avisando comerciantes e residentes logo que se soube da eventualidade de cheias".
A "prova da eficaz actuação" da Protecção Civil Municipal é que "os prejuízos foram inferiores aos das últimas cheias", acrescentou o autarca, numa opinião só parcialmente partilhada pelo presidente da Associação Comercial local, Alberto Marques.
Embora não avançasse com números concretos, Alberto Marques disse à Lusa que "desta feita há menos comerciantes e moradores afectados, mas os prejuízos individuais são superiores".
Entretanto, Castro Azevedo afirmou que mantém contactos com o Instituto de Água no sentido de serem construídas mini-barragens no rio Águeda e no seu afluente Alfusqueiro, "que permitam controlar as cheias".
A situação de cheia em Águeda, que teve o seu pico a meio da tarde de ontem foi ultrapassada na manhã de hoje, estando agora o rio remetido ao seu leito.