Adoptando o ponto de vista de um anti-herói - Wladislaw Szpilman, o pianista do título, que passa o tempo a fugir e a esconder-se -, Polanski concebe o horror nazi como um jogo do gato e do rato kafkiano, não muito longe do "thriller" psicológico. O que, eventualmente, sugere que a história se pode repetir, de outras formas. Mas falta ambição a Polanski, sobretudo para ultrapassar o academismo formal (porque é que os recentes filmes sobre o Holocausto são todos banhados pela mesma luz glauca?) e clarificar as suas intenções. No final, "O Pianista" entra numa zona ambígua, com o oficial alemão que salva Szpilman e que este, com a entrada dos Aliados, não consegue salvar, carregando consigo essa culpa. Apetece, a propósito, citar George Steiner: "Uma pessoa pode ler Goethe ou Rilke à noite, tocar Bach e Schubert, e cumprir a rotina em Auschwitz pela manhã".
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