Maior Parque de Aventura ibérico Na Póvoa de Lanhoso
Encaixa-se o laço nos pulsos, aperta-se-lho bem e inspira-se fundo, olhando com respeito para o fundo do vale. Depois, é só deslizar 350 metros suspenso por um cabo de aço, cerrando os dentes, testando a adrenalina e mantendo o diálogo com o ar. O "slide" é uma das 28 actividades de desporto e aventura que, no final do primeiro trimestre do próximo ano, vai fazer parte do maior Parque de Aventura da Península Ibérica, que está a ser construído há ano e meio na freguesia de Oliveira, na Póvoa de Lanhoso. Os 170 hectares do parque "DiverLanhoso" irão também contar com 14 "bungalows", restaurante, sala de congressos e três parques (infantil, de merendas e de campismo). A segurança é uma prioridade: haverá posto de primeiros socorros e videovigilância. Até Dezembro, está prevista a conclusão da vedação a toda a volta, da rede de saneamento, de alguns "bungalows" e do adiantamento das pistas para veículos motorizados. A ideia do projecto surgiu em 1996, por dois cunhados daquela vila. Jorge Vieira, de 27 anos, e Fernando Macedo, de 25, na altura a estudarem Economia e Gestão na Invicta, decidiram criar uma pista de "autocross", em Garfe, arredores de Póvoa de Lanhoso, "para os amigos e não só". Algum tempo depois, avançaram com um campo de "paint-ball", ao qual juntaram um circuito de "kartcross" e de moto 4 e de "slide". "Numa visita à Bélgica, vimos um panfleto de desporto e aventura, que propunha diferentes tipos de actividades. Então, falámos com a empresa responsável, que nos ajudou a esquematizar um parque para cá", explicou Jorge Vieira. Depois, seguiram-se dois anos para o licenciamento dos actuais terrenos, que foram alugados pela câmara ao "DiverLanhoso" para um período de 25 anos. A zona onde estão a ser construídos os equipamentos e infraestruturas é considerada "ideal" para os desportos radicais e de aventura, porque, além de primar o contacto com a natureza e se situar junto ao Parque Nacional Peneda-Gerês, "fica a poucos quilómetros dos centros urbanos de Braga e de Guimarães". "Nos últimos anos, as condições criadas aqui têm sido muito boas, a vila cresceu bastante e há três hóteis, um deles de turismo rural", salienta Fernando Macedo.O arrojado investimento de 4,3 milhões de euros vem de fundos familiares e do recurso a empréstimos bancários. "É uma situação de risco, estamos a apostar forte e temos andado com o coração nas mãos", garante Jorge, que terá o seu pai e quatro dos nove irmãos como sócios assim que o parque abrir totalmente ao público. Estão já disponíveis algumas actividades, como 'paint-ball', 'challenger' e percursos pedestres, com bastante procura por parte de escolas, empresas e grupos de amigos. "Esperamos atingir um pico anual de 25 mil visitantes e turistas estrangeiros, ", pondera o fundador Fernando Macedo, salientando que, em solo ibérico, o "DiverLanhoso" é o maior parque de aventura. "O parque do Caramulo é um bocado mais pequeno e alguns espanhóis têm alguma dimensão, mas são móveis, duram pouco tempo", destacou. No dia 23, está marcada uma reunião com a Associação Portuguesa de Empresas de Animação Cultural e Turismo de Natureza e Aventura (PACTA), para receber acompanhamento em estratégias futuras.Conforto e segurançaPondo o esforço aventureiro de lado, o parque reserva um conjunto de valências para o cliente se sentir seguro e confortável. A segurança tem sido, aliás, testada ao limite, porque este tipo de desportos assim o exige. Segundo os sócios fundadores, os monitores vão ter formação, haverá posto de primeiros socorros, câmaras de vigilância, vários seguranças e cuidados apertados durante a noite.O restaurante, com 300 lugares possíveis e vista panorâmica - a ser concessionado (tal como toda a área do parque) pela família fundadora - terá um toque autóctone na ementa: a carne e o peixe serão essencialmente grelhados ou assados a lenha, com carvão natural, embora haja outras opções.Quanto à construção dos seis "bungalows", tem havido imprevistos, o que obriga as obras a serem prolongadas até Maio. Os toros de madeira vieram do Canadá e, algum tempo depois, ganharam fungos. A firma canadiana reiterou responsabilidades e, actualmente, a madeira tem sido tratada por especialistas nacionais. Cada "bungalow" terá diversas comodidades, como fogão, electricidade e mobiliário tradicional. "Se as casas de madeira tiverem muita procura, construíremos mais oito", assegurou Jorge Vieira.O lago recortado com três lajes no centro, servirá, além da prática de pólo aquático, "para o trabalho dos bombeiros, quando existir um fogo próximo", segundo um acordo entre o parque e a corporação. Previstos estão ainda uma sala de conferências e reuniões, zona de acantonamento, parque infantil, área para merendas com assadores, outra de campismo e recintos de estacionamento, espalhados entre a vegetação de pinheiros, carvalhos e eucaliptos. Estes últimos serão retirados. O próprio castelo de Póvoa de Lanhoso irá ser utilizado para caças ao tesouro, de índole mais cultural.Parte do parque foi área de caçaA reacção do Clube de Caçadores de Póvoa de Lanhoso, quando, em 1999, se iniciaram as obras para a edificação do "DiverLanhoso" foi de alguma hostilidade, porque os associados perderam uma parcela de terreno antes destinada à caça de águias e javalis, entre outras presas, em detrimento de uma zona para desportos. "Eles não aceitaram a decisão, mas hoje já entendem melhor, também graças ao facto de sermos todos daqui. Até há um acordo com eles para a cedência do campo de tiro, para fazer tiro ao alvo e aos pratos", elucidou Jorge Vieira.Caixa 1Números4,5 milhões de euros de custos25 mil euros de capital social da empresa "DiverLanhoso"1 milhão de euros esperados na facturação de 200318 postos de trabalho criados2 anos na execução das obras14 "bungalows"1 restaurante, com capacidade para 300 pessoas170 hectares de área disponível28 actividades radicaisCaixa2Actividades de aventura- Escalada- "Rappel"- "Slide" ou "death ride"- Passeios em 4x4- Percurso 4x4- Moto 4- "Kartcross"- BTT- Via "ferrata"- Orientação- Passeios pedestres- "Dropping" nocturno- Caça ao tesouro- Descida em linha de água- "Paint-ball"- Tiro ao alvo com arma de "paint-ball", de pressão e de pistola CO2 - Tiro ao alvo com besta, arco e zarabatana- Percurso challenger- Percurso de 30 pontes flutuantes- Mina labirinto subterrâneo com obstáculos- Helicóptero- Pólo aquático- Caiaque- Descidas pelo rio em barco de borracha ou em jangada