Jorge Coelho diz que voltaria a culpabilizar construtores pelo acidente do Metro

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Jorge Coelho sustenta que quem o substituiu no Governo agiu "sempre de boa fé, em defesa do interesse público e dos cidadãos" João Relvas/Lusa

O dirigente socialista, que falava na comissão de inquérito parlamentar sobre a actuação do anterior Governo quanto ao acidente no Metropolitano do Terreiro do Paço, ocorrido em Junho de 2000, afirmou que "se fosse hoje, voltava a assinar o mesmo despacho. A culpa não podia morrer solteira".

Jorge Coelho sustentou que nunca foram encontradas razões para alterar a sua decisão quanto ao acidente, enquanto ministro do anterior Governo.

Para o deputado socialista, o construtor "devia ter feito mais do que dois testes" na zona em que ocorreu o acidente e ter mais pessoal especializado na obra, para reagir mais rapidamente ao problema.

Jorge Coelho comentou ainda o suposto acordo entre o Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa e o consórcio construtor "Metropaço" aprovado pelo seu sucessor na pasta do Equipamento Social, Ferro Rodrigues. "Quando li nos jornais que havia acordo, pensei ainda bem. Nunca me passou pela cabeça outra ideia que não fosse a seguinte: essa decisão [de acordo] surgia no normal encadeamento do que decidira no meu despacho [de Agosto de 2000]", argumentou.

Sublinhando que deixou de seguir os factos relacionados com o acidente no Metropolitano, o ex-ministro afirmou confiar na orientação que Ferro Rodrigues deu ao caso. "Conheço bem as pessoas do Conselho de Gerência do Metropolitano de Lisboa e aqueles que me substituíram, e tenho a certeza de que agiram sempre de boa fé, em defesa do interesse público e dos cidadãos", acrescentou.

Justificando as circunstâncias em que ocorreu o seu despacho, Jorge Coelho frisou que, após o acidente, "o centro de Lisboa estava num caos" ao nível do trânsito, havendo ainda problemas de abastecimento de gás e de água à região da capital.

"Havia uma enorme pressão da população para que o problema causado pelo acidente fosse resolvido", continuou o ex-ministro do Equipamento Social, antes de assegurar que o teor do despacho, culpando os construtores por negligência, "foi cumprido em toda a latitude" pelos seus subordinados.

O dirigente socialista referiu-se ainda a um segundo despacho que assinou, de âmbito genérico, impondo que todas as obras no Metropolitano de Lisboa fossem previamente validadas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.