Big Brother está para lavar e durar
O pai de todos os programas que hoje levam o selo de "novela da vida real" está para lavar e durar. Não são apenas os telespectadores portugueses que estão rendidos ao Big Brother - o fenómeno reproduz-se um pouco por todo o lado. Por cá, terminou ontem a primeira edição do Big Brother Famosos e a segunda arranca já amanhã. Na TVI, depois dos (bons) resultados das audiências dos primeiros dias da versão BB Famosos, decidiu-se logo adiar o Big Brother IV - o dos "desconhecidos" - para o próximo ano e entretanto voltar a encher a casa da Venda do Pinheiro com (supostos) colunáveis.O modelo continua a render apesar de, desde a sua invenção, já se terem criado centenas de formatos televisivos subsidiários do Big Brother. E de a promoção ao "reality show" ter sido mais do que insignificante, por exemplo, na última edição do MIPCOM, o mercado de TV de Cannes, que recentemente decorreu em França. No "stand" da Endemol, criadora do formato, as referências ao concurso estavam praticamente ausentes das paredes, cartazes, posters e postais promocionais.E, no entanto, nenhum outro formato da produtora holandesa conseguiu superar os feitos do Big Brother pelo mundo.Na Holanda, o "reality show" vai já na quarta série, que estreou em Setembro, no canal comercial Yorin. Em finais de Outubro, foi a vez da Telecinco dar início ao Big Brother IV em Espanha. É ao formato da Endemol que este canal privado deve o facto de ter ultrapassado a concorrente Antena 3, tendo-se assim posicionado como segundo no panorama televisivo espanhol, com uma quota média de mercado de 21,5 por cento.O final da terceira série no país vizinho não só demonstrou que o formato ainda não está esgotado, como superou as expectativas em termos de audiências. A revelação do vencedor foi seguida por 44,9 por cento das pessoas que nesse momento viam televisão, correspondendo a um total de mais de 5,8 milhões de telespectadores. A audiência das sessões em estúdio, envolvendo nomeações e expulsões de concorrentes - que, em Espanha, acontece aos domingos - chegou a picos que ultrapassaram os 7,6 milhões de espectadores, ou 57,6 por cento de "share".Os concorrentes também não páram de se inscrever, mesmo que, para esta quarta edição, apenas tenham sido aceites inscrições através da Internet.Os britânicos não fogem ao fenómeno. A final do Big Brother III, a 26 de Julho, ajudou o Channel 4 a atingir os mais altos valores de audiência diária dos seus 19 anos de história. Nesse dia, o Channel 4 foi o canal mais visto no Reino Unido, com uma quota de mercado de 22,6 por cento - colocando-se, pela primeira vez, à frente da BBC1, que obteve um "share" de 21,1 por cento, e da ITV, que se ficou pelos 20,2 por cento.A última emissão desta terceira série foi acompanhada por qualquer coisa como 9,4 milhões de telespectadores, equivalentes a quase metade do mercado, tornando o Big Brother no programa com melhor audiência registada este ano no Channel 4 e o quinto mais visto de sempre naquele canal. O pico de audiências da final do "reality show" chegou mesmo aos 9,9 milhões de espectadores, ou seja, um milhão a mais do que os registados na final da edição do ano passado do Big Brother britânico.E estes são exemplos observados apenas no mercado europeu. Na Austrália, para mudar de continente, o programa está igualmente de pedra e cal. Após uma edição regular cheia de êxitos, foi produzida uma série com estrelas do desporto, do cinema e da TV, com o intuito de ajudar obras sociais.Na África do Sul, o impacto do formato tem levado à sucessão de edições. Após uma primeira série, o país já assistiu a uma edição "famosos", destinada a angariar donativos para obras de caridade e, em finais de Julho, à estreia do Big Brother II. O episódio final do Big Brother Celebridades na África do Sul, emitido a 30 de Junho, deu ao canal codificado MNet um "share" de 48 por cento. O programa permitiu reunir mais de 117 mil euros para uma rede de escolas para cegos. A segunda edição do "reality show" sem VIP arrancou com uma quota de mercado de 21 por cento.