O cinema, como tudo o resto, é correr atrás do desejo. "Quando não há mais nada, o que é que resta? Verificar o seu desejo de cinema", diz Mathieu Amalric. Foi o que fez, nesta segunda longa-metragem, e perdê-la é deixar escapar um gesto singular nos dias que correm: um raro trabalho sobre o vazio que se preenche com o cinema. Uma francesa parte para Trieste para tentar perceber porque é que um escritor nunca escreveu - é a história, tanto quanto pode sê-la, de "O Estádio de Wimbledon", ou um mero pretexto para deixar entrar nela outras coisas. Como diz uma das personagens a propósito do escritor misterioso: "O silêncio dele tinha mais peso que a minha poesia." Quando há tanto ruído à volta, o silêncio deste filme - e sensibilidade do seu olhar - falam mais alto. Vibrante.
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