Diocese de Boston indemniza 86 vítimas de abuso sexual
O advogado das vítimas, Mitchell Garabedian, confirmou à Reuters que os seus clientes sentem que é altura de encerrar o assunto. "Eles querem retirar-se destas trevas e tentar sarar". As 86 pessoas, hoje adultas, dizem ter sido alvo de sevícias sexuais perpetradas pelo padre John Geoghan. O sacerdote cumpre já uma pena de prisão de seis anos por ter sido provado que molestou um rapaz de dez anos.
O cardeal Bernard Law é uma polémica figura no centro dos escândalos que abalaram toda a Igreja Católica, com epicentro em Boston. O cardeal e responsável pela diocese é acusado noutros processos cíveis de encobrir os crimes de abuso sexual de crianças no seio da sua congregação, nomeadamente no caso do padre Paul Shanley. Law terá retirado os sacerdotes suspeitos das suas paróquias e colocado os padres noutras paróquias, ao invés de investigar os casos.
No caso de John Geoghan, decorre hoje mais uma audiência, onde o juiz deverá ser informado do acordo a que chegaram as partes. Em Março, já tinha existido uma outra oferta às vítimas, de 30 milhões de dólares, mas que foi retirada por se considerar que a diocese iria à falência.
Os dez milhões de dólares serão divididos pelas 86 pessoas que dizem ter sido vítimas das investidas de Gehogan, por outras 20 pessoas que dizem ter presenciado momentos em que o sacedote se exibiu nú perante elas e 16 pais de crianças que dizem ter sido vítimas de pedofilia pelas mãos de John Gehogan.
A diocese de Boston é uma súmula de casos judiciais de pedofilia. Paul Shanley, cujo caso está ligado a um dos processos cíveis sobre Bernard Law, é julgado por violação sistemática e agressão de quatro jovens rapazes numa igreja de Boston. Além de Gehogan e Shanley, um outro sacerdote católico está a ser julgado por abuso sexual sobre crianças. James Talbot, padre jesuíta, foi acusado anteontem por um júri de violação e agressão de três alunos num liceu de Boston, na década de 70.