Ex-directora da PJ explica hoje no Parlamento razões da sua saída

Foto
A magustrada abandonou o cargo em Agosto António Cotrim/Lusa

Uma das caras do combate à corrupção e à fraude fiscal, Maria José Morgado explica hoje, em detalhe, no Parlamento as razões precisas da sua saída. A magistrada, cujo nome ficou associado a investigações da PJ relacionadas com os paquetes da Expo, com o caso Vale e Azevedo ou o megaprocesso de corrupção nas Finanças, é ouvida na 1ª Comissão Parlamentar no mesmo dia em que são inquiridos o director nacional da PJ, Adelino Salvado, e o ex-responsável pelo combate ao banditismo Pedro Cunha Lopes, que foi demitido após ter sido convidado a sair.

A audição de Maria José Morgado é aguardada com expectativa, tanto mais que a polémica em torno da PJ coincidiu com novos desenvolvimentos no julgamento do caso Moderna, onde um perito em contabilidade lançou dúvidas sobre o destino do dinheiro entregue pela cooperativa de ensino à empresa Amostra, gerida na altura pelo actual ministro da Defesa, Paulo Portas, que é testemunha no processo.

Também supostas ligações entre o afastamento de Maria José Morgado e o caso Moderna, bem com a processos de fraude fiscal e a pressões externas à PJ, transformaram a saída da magistrada num caso político, a que nenhum partido com assento parlamentar ficou indiferente.

Recorde-se que enquanto o ex-responsável da DCCB foi afastado por sugestão do director nacional, Adelino Salvado, que aludiu à "perda de confiança" para justificar aquela que tinha sido uma sua aposta recente, a saída de Maria José Morgado da DCICCEF ocorre por sua iniciativa. Quando pediu a demissão, o Partido Socialista e o partido Comunista Português aventaram a hipótese de esta ter sido uma renúncia resultante de pressões políticas, pelo que chegaram a pedir esclarecimentos de todos os intervenientes, incluindo o director nacional da PJ, na Assembleia da República. No entanto, a própria magistrada, em declarações ao PÚBLICO, negou essa perspectiva, anunciando antes que o que a levava a abandonar o cargo era a perda de poderes no âmbito da investigação.