Ejaculação é controlada por células da espinal medula
A equipa da Universidade de Cincinnati (Estados Unidos) decidiu analisar o papel de um grupo específico de células da região inferior da espinha dorsal no comportamento sexual de ratinhos machos. Até agora, sabia-se que o tálamo - uma zona do cérebro - recebe directamente sensações transmitidas pela espinal medula e pode, por isso, ser um condutor dos sinais que chegam dos órgãos genitais a outras zonas do cérebro importantes no comportamento sexual.
Os sinais enviados directamente ao tálamo têm uma origem única e bastante específica, já anteriormente identificada: são enviados pelas células LSt (a abreviatura de lumbar spinothalamic, a designação em inglês), que se situam na parte inferior da espinal medula. Estes neurónios activam-se especificamente com a ejaculação, não com outras componentes da actividade sexual masculina.
Foi partindo daqui que os cientistas colocaram uma hipótese: os neurónios LSt estão envolvidos no processo de transmissão ao cérebro da informação sobre a ejaculação. Para testar esta possibilidade, a equipa isolou e inibiu a actividade destes neurónios em machos de ratinhos, usando uma toxina selectiva. Os animais foram depois colocados numa caixa, com fêmeas em cio, para entrarem em contacto sexual com elas.
Ao analisarem as fêmeas depois do coito, os cientistas perceberam que os ratinhos não tinham ejaculado, apesar de não se terem alterado os outros aspectos da actividade sexual. Os investigadores, que hoje publicam o seu estudo na revista "Science", acreditam que as células LSt não só controlam a ejaculação como enviam informação para o tálamo que contribui para a ejaculação.
Pesquisas anteriores tinham já demonstrado que os reflexos ejaculatórios se mantêm intactos mesmo quando existem várias fracturas na espinal medula, o que sempre fez suspeitar os cientistas de que o controlo dessa função específica se situava numa região inferior da espinha dorsal.
"Um conhecimento pormenorizado do mecanismo de origem da ejaculação na espinal medula beneficiará significativamente tratamentos de disfunções sexuais, particularmente as relacionadas com a ejaculação", escrevem William Truit e Lique Coolen, os responsáveis pela experiência, no artigo publicado pela "Science". "As implicações práticas de tudo isto incluem a possibilidade de desenvolver tratamentos adicionais para a ejaculação precoce e a função ejaculatória em homens paraplégicos", concluem.