PT "preocupada" com cenário de consolidação com a Oni
O novo presidente-executivo da operadora considera que tudo o possa diminuir a concorrência não é desejável, mas frisa que nunca teve qualquer abordagem sobre o assunto
"Não tive até hoje qualquer abordagem sobre esse assunto. Tenho visto algumas referências e reflexões sobre essa hipótese na comunicação social. E recentemente captei alguma preocupação do conselho [de administração da PT] em relação a este tema", sublinhou Horta e Costa que falava num almoço promovido pelo Fórum de Administradores de Empresas.
O responsável disse ainda ser "profundamente defensor de uma atmosfera de concorrência agressiva". "Tudo o que possa diminuir a concorrência não é desejável", acrescentou. Pelo que a eventual compra da Oni - operadora controlada pela EDP e o BCP - seria sempre uma decisão "bem pensada" e "bem defendida". Afirmações que poderão desapontar Jardim Gonçalves, presidente do BCP, que se mostrou recentemente disponível para movimentos de consolidação nas telecomunicações em Portugal.
A principal preocupação da PT, diz Horta e Costa é "criar valor accionista". E o presidente da PT não respondeu claramente sobre quais as vantagens de uma consolidação com a Oni, limitando-se a afirmar que é "uma reflexão com muitas componentes". De qualquer forma, Horta e Costa acabou por dizer que "há que manter todas as opções em aberto". O novo presidente da PT sublinhou ainda que será difícil a sobrevivência de um quarto operador de rede móvel em Portugal, já que os estudos mostram que é necessária uma quota de mercado de 15 a 20 por cento para atingir o "break even" operacional.
Aposta no BrasilQuanto aos investimentos no Brasil, o responsável da PT garante que estão cobertos e salienta que, de momento, não está preocupado com a forte quebra do real. "Estamos numa situação confortável", sublinhou ontem Miguel Horta e Costa, presidente executivo da PT. Frisando, contudo, que a operadora está a acompanhar atentamente a instabilidade cambial brasileira. Um mercado que tem uma contribuição de 12 por cento para o "cash flow" (meios libertos) consolidado da operadora portuguesa.
Horta e Costa acredita que a instabilidade que se vive no Brasil, em parte devido à liderança de Lula da Silva na corrida às presidências, deverá ser ultrapassada após as eleições, afirmando ser sua convicção que nessa altura a "normalidade regressará aos mercados". O responsável defende que hoje os "fundamentais da economia brasileira são sólidos e estáveis", caso contrário não teriam resistido à crise argentina como resistiram.
Sobre o Brasil, Horta e Costa avançou ainda que a "joint venture" com a Telefónica para a área móvel estará pronta para arrancar em Setembro, admitindo que a mesma poderá gerar sinergias à volta dos de mil milhões de euros.
O desempenho da PT em bolsa mereceu ainda o destaque de Horta e Costa, que o classificou de "notável" face ao registado pelas suas congéneres. O que se deve a um "balanço sólido" e a um "programa muito agressivo de redução de custos", acrescenta. Aliás, o responsável salienta que a PT continua empenhada na diminuição da dívida. Adiantando mesmo que o aumento de capital da Telesp Celular permitirá reduzir a dívida de 5,4 mil milhões de euros para 4,5 mil milhões.
Horta e Costa mostrou-se igualmente preocupado com a actual situação de menor crescimento do mercado de telecomunicações, que, na sua opinião, obrigará as empresas a colocar a ênfase nos lucros a curto prazo, na consolidação das receitas e na optimização dos custos.