Reconstrução da antiga "Chemina" vai custar 1,5 milhões de euros

A Câmara de Alenquer já elaborou um projecto de recuperação do edifício da antiga Fábrica de Lanifícios Tejo (também conhecida por Chemina), cujo interior foi completamente consumido pelo fogo em 28 Março de 2000. A edilidade pretende dividir o projecto de reutilização do imóvel em três fases, a primeira a iniciar muito em breve com um investimento de cerca de 1, 5 milhões de euros (300 mil contos) para a reabilitação de todo o edifício e as seguintes viradas para a sua ocupação com espaços museológicos e de formação técnico-profissional.A demora na definição do destino daquele imóvel centenário, inaugurado em 1889, tem motivado acesas críticas dos principais partidos da oposição local, dado que a edilidade já adquiriu o edifício em 1994. Nas negociações que desenvolveu com a seguradora da Lanifícios Tejo, a autarquia conseguiu uma indemnização de 100 mil contos pelos danos provocados pelo incêndio. Segundo Álvaro Pedro (PS), presidente da Câmara alenquerense, o acordo foi alcançado recentemente e a autarquia não conseguiu um valor mais próximo das verbas necessárias para a completa recuperação do imóvel, porque o seguro estava fixado num valor total de 300 mil contos e abrangia também o vizinho edifício (mais moderno) da Alentêxtil, que não sofreu quaisquer danos."Já recebemos o dinheiro da companhia de seguros, já temos o projecto para a reconstrução. Pensamos avançar para a obra com urgência e aproveitar alguns fundos comunitários que há para a recuperação de edifícios históricos como aquele", explicou o edil.Álvaro Pedro diz que a antiga fábrica já foi visitada por especialistas que confirmaram a importância da recuperação do imóvel pelo seu valor ao nível do património industrial. O autarca disse ao PÚBLICO que os apoios para a primeira fase deverão ser obtidos no âmbito do Programa de Valorização de Cidades e que esta nova candidatura não afectará outros projectos já elaborados para a zona da antiga fábrica do papel e do Celeiro Real, também na vila de Alenquer.Quanto ao destino da "Chemina", Álvaro Pedro diz que a Câmara vai também procurar apoios comunitários para ali instalar cursos técnico-profissionais. "Penso que se conseguirmos para aqui um instituto de ensino técnico-profissional ou uma extensão do Centro de Formação Profissional era melhor que ter ensino universitário. Universidades há em Lisboa e nos cursos técnico-profissionais são pessoas mais jovens, que aqui estavam mais próximas da residência e das famílias".O presidente da Câmara preconiza a criação de condições para a formação sobretudo em áreas como a agricultura, a agro-pecuária e a metalomecânica, onde tem indicações das empresas locais de que há falta de pessoal técnico preparado.A Câmara de Alenquer adquiriu o edifício da antiga Lanifícios Tejo no início da década de 90, em hasta pública, na sequência da falência da empresa. Simultaneamente foram adquiridas as vizinhas instalações da Alentêxtil, uma outra sociedade do mesmo grupo. Este último complexo, de construção muito mais recente, já serviu para a instalação da sede da Sociedade União Musical Alenquerense, de um ATL (Actividades de Tempos Livres) da Misericórdia local e de um pavilhão polivalente.O destino do edifício mais antigo, que a autarquia disse adquirir para evitar que fosse demolido - devido ao seu valor patrimonial - e para ajudar os 84 trabalhadores afectados pelo encerramento da empresa a receberem salários em atraso e indemnizações, é que tem motivado polémica.Inicialmente a edilidade admitiu instalar na antiga "Chemina" um museu industrial, depois falou na possibilidade de abrir uma escola de hotelaria e, mais recentemente, na adaptação da velha fábrica para concentrar as escolas do 1º ciclo do ensino básico da vila sede de concelho. Esta última ideia acabou por ser rejeitada pelo Ministério da Educação, considerando que não existem espaços suficientes para recreio e para estacionamento.Pelos edifícios da Lanifícios Tejo e da Alentêxtil, a edilidade alenquerense pagou, em Setembro de 1994, cerca de 210 mil contos. A Fábrica de Lanifícios da Chemina começou a ser construída em 1889. O seu funcionamento era então apoiado por uma máquina a vapor com 50 cavalos de força e, ano e meio depois da sua abertura, já empregava 200 operários. Inicialmente produzia cachemiras e xailes bastante apreciados no País. Na segunda metade do século passado, a empresa, que não renovou devidamente a sua maquinaria, começou a atravessar dificuldades que conduziram à falência em 1994.

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