Mário Soares «triste e emocionado» com morte de Senghor

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"Conheci-o antes da Revolução dos Cravos", disse Soares. "Ele quis preparar um encontro entre mim e o general Spínola porque queria fazer qualquer coisa pela Guiné. Chegou a convidar-me para ir a Casamansa, mas o assassínio de Amílcar Cabral pôs fim à iniciativa. Encontrei-o pouco tempo depois em Paris, já depois do 25 de Abril, quando da minha primeira volta pelo mundo para ganhar apoios para a Revolução, e ele ajudou-me muito a gizar um plano de descolonização que depois, pelas circunstâncias conhecidas, não foi para a frente."Não é apenas o político que Soares lembra com afecto, mas principalmente o humanista e o poeta: "Fiz grandes viagens com ele, tivemos oportunidade de ter longas conversas em que aprendi a apreciar o seu humanismo, a sua imensa cultura e as suas concepções de visionário. Foi um apóstolo da negritude e também um grande poeta e escritor, que foi membro da Academia Francesa, o que diz tudo".
Para Mário Soares, como chefe de Estado, Léopold Senghor teve uma acção que "não foi linear", onde houve "sombras e claridades", mas o ex-Presidente português sublinha o facto de Senghor ter sido "o único chefe de Estado africano que renunciou ao poder e abriu caminho para eleições e para uma democracia que ainda hoje subsiste".
"Lembro-o sempre com respeito e amizade. Ele que gostava muito de Portugal e que dizia ter uma gota de sangue português, dizendo que o seu nome era uma corruptela de Senhor. Foi um dos grandes "sábios" africanos, como Nyerere ou Mandela."

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