Aaliyah vida breve
Foi uma vida breve, que terminou aos 22 anos num desastre de avião. E já tinha, inclusivamente, chegado a Hollwyood. Mais um ícone para a preposição "live fast, die young, have a good looking corpse". A vida breve da cantora Aaliyah no Sol Música.
Aaliyah Dana Haughton nasceu em Janeiro de 1979 e, tal como foi noticiado por todas as agências, veio a falecer no passado dia 25 de Agosto. Aos 22 anos, Aaaliyah (leia-se Aah-Li-Iah), mais do que uma promessa que não veio a cumprir-se tinha já imposto o seu carisma enquanto figura modelar, e vingado como uma das cantoras/actrizes mais respeitadas de Los Angeles. A sinergia de esforços entre a indústria discográfica e a do cinema tinha encontrado nesta jovem nascida em Brooklyn e criada em Detroit um dos seus maiores motivos de regozijo.Aaliyah quer dizer "a melhor", mas quando a baptizaram os seus pais não imaginaram certamente o rumo que a carreira da filha iria seguir. Um dos seus tios foi, em tempos, casado com Gladys Knight e o que poderia não passar de uma coincidência fez com que Aaaliyah se estreasse nos palcos de Las Vegas e na companhia da tia logo aos 11 anos. Um talento precoce ou alguém que prematuramente teve o seu primeiro encontro imediato com o show business, Aaaliyah seguiu desde logo o rumo das grandes estrelas. Na Europa não conseguiu a popularidade que lhe foi reconhecida nos Estados Unidos, mas a sua ascensão é indiscutivelmente meteórica.Aos 14 anos editou o seu álbum de estreia, "Age Ain't Nothing but a Number", corria o ano de 1994. O primeiro single, "Back and Forth", andou pelas tabelas dos mais bem sucedidos na "Billboard", e Aaliyah impunha-se como uma das adolescentes mais consideradas no seio do movimento r&b, entusiasmando uma legião de raparigas a lançarem-se enquanto cantoras. As roupas que vestia, calças largas e camisas quatro números acima, ajudaram a criar a imagem "street-but-sweet" que lhe garantia uma exposição mediática impossível para as franjas do movimento hip-hop. O bom sucesso do disco valeu-lhe digressões na Europa, Japão e na África do Sul.O seu segundo álbum a solo, editado dois anos mais tarde, pretendeu ser uma aposta mais séria. "One in a Million" marcava o início da sua relação com outra editora, a histórica Atlantic Records, e com uma equipa de produtores escolhida de entre a nata dos norte-americanos. O primeiro single, "If your girl only knew", tinha a assinatura de Timbaland (música) e Missy Elliott (letra) o que lhe garantiu um galardão de dupla platina. Jermaine Dupri, Rodney Jerkins, J. Dibbs, Daryl Simmons, Kay-Gee, Vincent Herbert e Craig King, todos eles reconhecidos como feiticeiros dos estúdios de gravação, também colaboraram no disco. Mais digressões fizeram com que o nome de Aaliyah fosse especialmente estimado no Japão à conta de baladas românticas que davam a vez a canções com batida up-tempo que faziam vaga referência ao hip-hop. O disco foi editado depois de Aaliyah se ter separado do seu anterior produtor, o famoso R. Kelly, com quem se tinha casado aos quinze anos.Hollywood. O êxito alcançado com o segundo álbum levou-a até Hollywood. "Romeo Must Die", produzido por Joel Silver para a Warner Brothers, foi o primeiro filme em que participou, contracenando com Jet Li, uma vedeta das artes marciais (podemos vê-lo em "O Beijo Mortal do Dragão"]. Mais do que os seus créditos como actriz, o filme permitiu-lhe mais um super-êxito com o tema "Try again", incluído na banda sonora de que, curiosamente, Aaliyah era produtora executiva. Antes, já tinha andado pelos topes com o tema "Are you that somebody", incluído na banda sonora de "Dr Doolittle". Também produzido por Timbaland, a rapariga prodígio já tinha igualmente interpretado outra canção, "Journey to the past", da banda sonora de "Anastasia", que chegou a ser nomeado para o Óscar de melhor canção. A relação de Aaliyah com Hollywood ia aliás de vento em popa quando a cantora prodígio faleceu, em Agosto. Os produtores de "Queen of the Damned", uma adpatação da obra da escritora Anne Rice ["Entrevista com o Vampiro"], ainda não sabem a estas horas o que fazer com as partes que Aaliyah já tinha rodado para o filme. Dias depois da fatal queda do avião, Aaliyah tinha agendada uma ida aos estúdio para refazer os diálogos então gravados, pois foram considerados maus de mais para que o filme fosse estreado naquelas condições. O mais certo é ser escolhida outra actriz que dobre todas as vozes de Aalyiah. Também incompleta ficou a participação de Aaliyah na sequela de "Matrix". Os realizadores Larry e Andy Wachowski e o produtor Joel Silver já manifestaram as suas dúvidas sobre que fim dar ao papel de Aaalyiah. "Matrix II" ou "Matrix Reloaded" (um dos títulos será o escolhido) poderá muito bem não incluir qualquer participação da cantora/actriz que também já estava escalada para o terceiro episódio desta anunciada trilogia. O segundo capítulo de "Matrix" será estreado somente em 2003.Todos estes planos foram abortados quando, depois da rodagem do video-clip de "Rock the Boat", tema do seu terceiro álbum de originais, "Aaliyah", o avião em que a cantira e a sua comitiva seguiam viagem das Bahamas para a Florida despenhou-se, poucos metros depois do fim da pista. Uma fonte da companhia aérea responsável pelo voo, a Abaco Air, declarou à CNN que o avião não teria conseguido levantar devido ao excesso de bagagem transportado pelos passageiros que, mesmo depois de sérios avisos, insistiram na descolagem.O tele-disco ficou também incompleto mas certamente surgirá na MTV, segundo o seu realizador Hype Williams, num futuro próximo. As imagens mostram Aaalyiah a cantar tendo o Oceano Atlântico como fundo. Uma visão apaziguadora que encerrará uma carreira que durou dos 11 aos 22 anos e que agora poderá ser apreciada em retrospectiva num program especial a ser transmitido pelo Canal Sol. A tirada de John Derek no filme "Knock on Any Door", de Nicholas Ray, voltou a fazer sentido: "live fast, die young, have a good looking corpse". Ora aí está, Aaliyah.