A grande maioria das pessoas cujos testes revelaram, no início dos alertas ao antraz, a presença da bactéria no seu organismo, foi exposta aos esporos da bactéria mas não desenvolveu, por enquanto, qualquer sintoma de infecção ou de doença — são pessoas "contaminadas", mas não "doentes". Nestes últimos dias, as autoridades norte-americanas passaram a considerar que é mais importante tratar preventivamente as pessoas que possam ter sido expostas à bactéria do que saber se foram ou não contaminadas. Daí que milhares de pessoas nos EUA estejam neste momento a tomar antibióticos contra o antraz.
Até agora, 17 pessoas adoeceram e quatro dessas já morreram da doença.
Os casos de doença foram detectados em quatro localidades dos EUA - Boca Raton (Florida), Nova Iorque, Washington e arredores de Trenton (New Jersey). Fora dos Estados Unidos, o primeiro caso foi confirmado em Karachi, no Paquistão. Nalguns casos, a fonte da contaminação ainda não foi identificada.

- Uma carta recebida nas instalações da cadeia de televisão NBC, em Nova Iorque, destinada ao pivô da NBC News Tom Brokaw. A carta foi enviada de Trenton (Nova Jersey) a 18 de Setembro e continha um pó castanho granulado.

- Uma carta recebida no Senado norte-americano, em Washington, destinada ao líder da maioria democrata, Tom Daschle. A carta foi recebida a 15 de Outubro e, tal como a carta recebida na NBC, foi enviada de Trenton (Nova Jersey).

- Uma carta recebida no diário nova-iorquino "New York Post". A carta possui um carimbo de correio idêntico ao das que foram enviadas a Brokaw da NBC News e a Tom Daschle, em Washington. O carimbo é dos correios de Trenton, New Jersey, e tem a data de 18 de Setembro. A carta não tem rementente e estava endereçada em maiúsculas e numa letra algo irregular.

- Uma carta recebida na Argentina. A carta foi enviada de Miami, Florida, nos EUA. Este caso ainda não foi definitivamente confirmado. A mulher que recebeu a carta apercebeu-se logo do eventual perigo e aparentemente não chegou a ser exposta à substância suspeita.

- Uma carta recebida nas Baamas. Este caso ainda não foi definitivamente confirmado. Ainda não se sabe se as pessoas que estiveram em contacto com a carta foram ou não contaminadas.

- Uma carta recebida no jornal paquistanês "Jang", publicado em urdu, na sua redacção de Carachi. Foi aberta por um jornalista no dia 23 de Outubro.

(pessoas não doentes, que apenas foram expostas a esporos da bactéria)

- Uma funcionária da empresa American Media, em Boca Raton, na Florida.

- Um polícia e dois empregados de laboratório em Nova Iorque. Estas três pessoas manusearam a carta contaminada enviada para a NBC News a 18 de Setembro.

- Vinte e oito funcionários do Senado, em Washington, na sequência da carta contaminada enviada ao líder da maioria democrata, Tom Daschle.

- Dois funcionários da American Media. Ambos contraíram a forma pulmonar da doença, a mais letal. Um deles (Robert Stevens, editor de fotografia do tablóide "The Sun") morreu no dia 5 de Outubro; o outro (Ernesto Blanco, que trabalhava no serviço de recepção de correio da empresa), saiu do hospital no dia 23, depois de dez dias internado nos cuidados intensivos. CONFIRMADOS

- Quatro funcionários do centro de distribuição postal de Brentwood, em Washington D.C., que também contraíram a forma pulmonar da doença. Dois deles (Joseph Curseen e Thomas Morris) morreram com a forma pulmonar da doença e os outros dois, que também sofrem da forma pulmonar da doença, encontram-se hospitalizados. Estes casos estão muito provavelmente ligados à carta enviada ao senador Daschle. CONFIRMADOS

- Um funcionário do centro de processamento do correio destinado ao Departamento de Estado, em Sterling (Virgínia), nos arredores de Washington, D.C.. Sofre da forma pulmonar da doença. CONFIRMADO

- Uma funcionária da NBC News. Sofre da forma cutânea do antraz, muito menos grave do que a forma pulmonar. Trata-se de Erin O'Connor, a assistente do pivô Tom Brokaw, que abriu a carta contaminada com antraz destinada ao seu chefe. Outro funcionário também esteve em contacto com a carta endereçada a Brokaw, mas o seu caso ainda não foi confirmado. 1 CONFIRMADO, 1 SUSPEITO

- Um bebé de sete meses. Sofre da forma cutânea da doença. A mãe é produtora de programas noticiosos na ABC News, em Nova Iorque. O bebé esteve em dois dos andares das instalações da empresa a 28 de Setembro. CONFIRMADO

- Uma funcionária (Claire Fletcher) da CBS News em Nova Iorque, da equipa de Dan Rather. Sofre da forma cutânea da doença. SUSPEITO

- Um editor do do tablóide nova-iorquino "New York Post" contraiu a forma cutânea da doença. Suspeita-se que outros dois funcionários do jornal - a assistente da redacção Johanna Huden e um funcionário da sala do correio - tenham igualmente contraído antraz cutâneo, mas o diagnóstico final ainda não foi divulgado. 1 CONFIRMADO, 2 SUSPEITOS

- Uma funcionária de um hospital de Nova Iorque, Kathy Nguyen, de 61 anos de idade. Morreu dia 31 de Outubro da forma pulmonar da doença. CONFIRMADO

- Quatro funcionários dos correios em New Jersey, de onde partiram as cartas contaminadas destinadas ao pivô da NBC News em Nova Iorque (Brokaw) e ao senador Daschle em Washington. Dois deles, do centro de distribuição de Hamilton, sofrem da forma pulmonar e um terceiro, também de Hamilton, sofre da forma cutânea da doença. O quarto doente, uma carteira da estação dos correios de West Trenton, sofre da forma cutânea. CONFIRMADOS

- Um funcionário de um posto dos correios perto de Camden, New Jersey, a 48 quilómetros do centro de distribuição de Hamilton. SUSPEITO

- Uma residente de Hamilton, que não trabalha nos correios. Sofre da forma cutânea da doença. CONFIRMADO

- Um funcionário paquistanês de um banco estrangeiro em Karachi, no Paquistão. Foi o primeiro caso confirmado fora dos Estados Unidos. CONFIRMADO

- Instalações da American Media, em Boca Raton, na Florida. CONFIRMADO

- Seis postos de correio de Palm Beach, na Florida.

- NBC News, CBS e New York Post, em Nova Iorque. CONFIRMADOS

- Principal centro de distribuição de correio de Manhattan, Nova Iorque (Centro Morgan). CONFIRMADO

- Gabinete do governador de Nova Iorque, George Pataki, em Manhattan. CONFIRMADO

- Centro de distribuição de correio de Hamilton, perto de Trenton, New Jersey. CONFIRMADO

- Posto de correio em West Trenton, New Jersey. CONFIRMADO

- Posto de correio em Princeton, New Jersey. CONFIRMADO

- Caixa do correio do local de trabalho da contabilista, residente em Hamilton, New Jersey, diagnosticada com antraz cutâneo.

- Centro de distribuição de Brentwood, Washington, D.C. CONFIRMADO

- Posto de correio em Friendship Heights, na zona noroeste de Washington, D.C. SUSPEITO

- Posto de Correio do Aeroporto Internacional de Dulles (Virgínia), ao pé de Washington, D.C. SUSPEITO

- Um dos edifícios do Senado (edifício Hart), em Washington, D.C., onde se situa o gabinete do senador democrata Tom Daschle. CONFIRMADO

- Um dos edifícios da Câmara de Representantes (edifício Longworth), em Washington, D.C.. SUSPEITO

- Departamento de Estado, Washington, D.C. CONFIRMADO

- Sala de correio do Supremo Tribunal, Washington, D.C. CONFIRMADO

- Sala de correio Departamento de Justiça, Washington, D.C. CONFIRMADO

- Sala de correio da CIA. CONFIRMADO

- Sala de correio da Casa Branca (numa instalação militar a vários quilómetros da Casa Branca), Washington, D.C. CONFIRMADO

- Departamento de Saúde, Washington, D.C. SUSPEITO

- Quatro salas de correio da Food and Drug Administration (FDA) norte-americana, em Rockville, Maryland. A FDA é a agência federal que regulamenta a utilização de medicamentos nos EUA. SUSPEITO

- Um saco de correspondência recebido na embaixada dos Estados Unidos em Vilnius, na Lituânia.

- A fonte de contaminação na American Media. Já foram detectados esporos de antraz numa estação de correios de Boca Raton próxima da American Media, mas a fonte específica de contaminação (que terá sido uma carta) ainda não foi identificada. Pensa-se que a carta foi deitada para o lixo há muito tempo.

- A fonte de contaminação do bebé de sete meses. Poderá não ter sido nas instalações da cadeia de televisão ABC.

- A fonte de contaminação da funcionária da CBS News.

- A fonte de contaminação da funcionária do hospital de Nova Iorque vitimada pelo antraz pulmonar.

- A fonte de contaminação da residente de Hamilton que não trabalha nos serviços postais (é contabilista).

- A fonte de contaminação do funcionário paquistanês em Karachi. Suspeita-se de uma carta recebida no banco.

- As cartas dirigidas a Daschle (Washington) e a Brokaw (Nova Iorque) e ao diário "New York Post" (Nova Iorque) provêm do mesmo sítio (Trenton, New Jersey). A segunda e a terceira são idênticas. A primeira tem algumas frases idênticas às das outras duas.

- As estirpes das bactérias em causa na Florida, em Nova Iorque e em Washington (respectivamente na American Media, na NBC News e no Senado) são idênticas.

- Tanto o pó contaminado pelo "Bacillus anthracis" contido nas cartas destinadas à NBC News e ao Senado como o que foi detectado na American Media é "muito fino", sendo considerado por isso de fabrico "profissional". Um responsável da polícia norte-americana afirma, com base nessa caracterísitica física do pô, que existe uma única fonte de antraz por trás desses atentados.

- A mulher do director do tablóide “The Sun”, onde trabalhava Robert Stevens, o homem que morreu de antraz na Florida há duas semanas, alugou durante o Verão dois apartamentos em Delray Beach, na Florida, a Hamza Alghamdi e Marwan al-Shehhi, dois dos suspeitos de sequestro dos aviões que protagonizaram os ataques terroristas de 11 de Setembro.

- Duas pessoas que trabalham numa farmácia de Delray Beach, na Florida, reconheceram Mohamed Atta e outros suspeitos dos atentados de 11 de Setembro. Os homens visitaram a farmácia várias vezes durante o Verão, tendo comprado medicamentos, possivelmente antibióticos. Atta também comprou um creme para tratar uma forte irritação das palmas das mãos, que poderá, segundo o farmacêutico interrogado pelo FBI, ter sido devida ao contacto com lixívia. Para se descontaminar após uma possível exposição ao antraz, pode-se utilizar uma mistura de lixívia com detergente para a roupa. Marwan Al-Shehhi, um outro dos presumíveis terroristas, tinha tosse e talvez febre e voltou à farmácia com uma receita médica, tendo possivelmente comprado antibióticos.

- As cartas destinadas a Daschle, a Brokaw e ao "New York Post" foram enviadas de Trenton, New Jersey. Parte dos piratas do ar responsáveis pelo sequestro do avião da United Airlines que partiu de Newark (New Jersey) e se despenhou na Pensilvânia a 11 de Setembro residiam em New Jersey.

- O facto de ainda não ter sido possível estabelecer qualquer ligação entre a Al-Qaeda e as 60 a 80 ameaças de envelopes contaminados que chegam todos os dias a diversos locais dos EUA. As amostras da bactéria "Bacillus anthracis" detectadas em diversos locais e contidas nas cartas contaminadas também não revelaram até agora qualquer indício tangível que permita afirmar que provêm de laboratórios estrangeiros. O FBI está a ponderar a hipótese que os ataques sejam da autoria de grupos de extrema-direita, de grupos radicais ou de adeptos do fundamentalismo islâmico nos Estados Unidos sem qualquer tipo de ligação a Osama bin Laden ou à organização terrorista Al-Qaeda.