Mais de 300 mortos nos bombardeamentos, segundo taliban

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Um mês depois dos atentados aos EUA, os ataques intensificaram-se esta noite no Afeganistão Rabih Moghrab/EPA

Até agora, as únicas vítimas confirmadas pela ONU são os quatro civis que trabalhavam na Afghan Technical Consultants (ATC), uma organização não-governamental que trabalha no quadro do Programa de Acção Anti-Minas das Nações Unidas no Afeganistão. O gabinete da ATC foi atingido pelos bombardeamentos em Cabul no dia 8 de Outubro, tendo ficado completamente destruído. Segundo Stéphanie Bunker, a porta-voz da ONU, os quatro civis morreram de imediato e na sequência da destruição do edifício ficaram ainda feridas outras quatro pessoas.Ontem, o balanço oficial dos taliban, apontava para 76 mortos e centenas de feridos, sem especificar, no entanto, quantas seriam as vítimas civis e as baixas militares.
No dia 8 de Outubro, a agência Afghan Islamic Press, situada em Peshawar (Paquistão), avançava que cinco membros do regime fundamentalista de Cabul morreram nos ataques da noite anterior à base militar de Shindand, na província de Farah, no Oeste do Afeganistão, perto da fronteira iraniana, mas esta informação não voltou a ser confirmada.
Ontem as autoridades americanas receberam a informação de que vários líderes taliban teriam morrido na sequência dos primeiros bombardeamentos no Afeganistão. Segundo a CNN, entre os mortos estariam dois homens da família do líder dos taliban, o "mullah" Mohammad Omar.
Hoje, um responsável taliban disse à AFP que mais de 200 civis morreram esta manhã durante os bombardeamentos a Kadam, uma aldeia no Este do Afeganistão.
Sher Sha Hamdard, o responsável da agência oficial taliban Bakhtar, anunciou este balanço no início desta tarde, depois desta manhã ter avançado que tinham morrido cem pessoas durante o bombardeamento do que se pensava ser um campo de treino de terroristas. "Existia um campo de treino, mas desde que os homens souberam que os americanos iam bombardear, partiram", disse Sher Sha Hamdard. Ainda de acordo com este responsável da Bakhtar, entre os 200 mortos encontravam-se sobretudo mulheres, idosos e crianças.
Kadam fica a quarenta quilómetros de Jalalabad, perto da fronteira paquistanesas.
Também nos bombardeamentos desta manhã, Salam Zaeef, o embaixador taliban em Islamabad, no Paquistão, acusa as forças aliadas de ter destruído uma mesquita perto de Jalalabad, tendo a destruição provocado a morte de 15 pessoas.
Zaeef acusou os Estados Unidos de estarem sobretudo a visar alvos civis, afirmando que o povo afegão está a ser assassinado e a América "está sedenta de sangue" nos ataques contra Cabul. "Tudo isto está a acontecer enquanto o Pentágono mente ao mundo inteiro, afirmando que não visa civis".
Para além de fazer um balanço dos mortos, Salam Zaeef tem também, nas suas conferências de imprensa diárias, alertado os Estados Unidos para as consequências que estes ataques ao Afeganistão podem ter, deixando a pairar a ameaça que há dois milhões de mártires estão dispostos a morrer em nome do Islão.
Zaeef têm ainda reafirmado que, apesar dos ataques, Osama bin Laden, apontado como responsável pelos atentados do dia 11 de Setembro, e o "mullah" Omar continuam vivos "sob a protecção de Deus".
Cabul, Jalalabad e Kandahar têm sido os principais alvos dos bombardeamentos das forças aliadas, empenhadas em destruir a rede terrorista de Osama bin Laden, mas outros pontos do Afeganistão também têm sido bombardeados.

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