A paixão pelo cinema segundo a Magnum

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Marylin Monroe mereceu a honra de ser aquela que mais está presente na exposição «A Paixão pelo Cinema» Magnum

A mostra divide-se em três espaços. O percurso inicia-se pelos bastidores e as intimidades do cinema - que revelam os pormenores do quotidiano da preparação das filmagens -, mas podem espreitar-se também as cenas da rodagem - que mostram todas as etapas desde os ensaios à caracterização e aos cenários -, e ainda andam por lá os retratos das lendas do cinema: actores, actrizes e realizadores.Marylin Monroe não é de todas as actrizes fotografadas a que teve uma carreira mais longa, mas mereceu a honra de ser aquela que mais está presente na exposição. São quatro fotografias ao todo, com a estrela e duas imagens do filme "Os Inadaptados", de John Huston.
Também estão lá Catherine Deneuve, Brigitte Bardot, Anna Magnani, as belíssimas fotografias de Elisabeth Taylor em "Bruscamente no Verão Passado" e Audrey Hepburn em "Sabrina".
Eles, os actores, estão representados (e bem) por Marlon Brandon, Paul Newman, Humphrey Bogart e a estrela fugaz James Dean, em Times Square.
A maioria das fotografias são a preto e branco. A cores está Alfred Hitchcock, com o seu charuto e um pássaro empoleirado, fotografado por Philippe Halsman - talvez a fotografia mais conhecida da mostra.
Mas não são só os actores e as actrizes a ascenderam ao céu à categoria de estrelas. A exposição mostra também os rostos de alguns realizadores emblemáticos: está lá Jean-Luc Godard, Orson Welles, Alain Resnais, Michelangelo Antonioni, Akira Kurosawa, Woody Allen, Pedro Almodóvar e o reflexo num espelho entre pilhas de latas de película de Agnès Varda respigada por Martine Franck, em 1983.
As fotografias são tiradas por fotógrafos consagrados da Magnum, como Dennis Stock, Eve Arnold, Philippe Halsman, Raymond Depardon e Robert Capa.
Pena é que não tenha sido editado um catálogo a acompanhar a exposição, ou que nas legendas não haja informações adicionais sobre os filmes, sobre as estrelas, sobre os momentos de rodagem. Até porque há cenas caricatas ou dramáticas que o mereciam. Disso é exemplo a fotografia do realizador italiano Vittorio de Sica a fazer um casting para o seu filme "Il Tetto". Será que entre aquelas raparigas com olhos expectantes que se perdem de vista esteve a escolhida?

O casamento entre o cinema e a Magnum

Foi a Magnum que o conseguiu fotografar pela primeira vez na sua intimidade. Foi a esta agência fotográfica que, em 1960, o cinema abriu as portas, permitindo uma cobertura em exclusivo do filme "Os Inadaptados". Desse primeiro momento de namoro resultaram algumas das míticas imagens que iriam perdurar para a eternidade de Clark Gable, Montgomery Cliff e é claro a deusa Marylin.Mas a relação remontava já a 1953 e nem todos os motivos desta união foram desprovidos de interesses secundários. Enquanto que para a Magnum, a fotografia de cinema era uma das três fontes de receitas adicionais, paralelamente à publicidade e às encomendas institucionais, para certos produtores cinematográficos, a agência era uma forma de garantir a publicação das imagens dos seus filmes e das suas estrelas em revistas de prestígio.
Um dos fundadores da agência, Robert Capa, foi decisivo neste processo de enamoramento, já que as fotografias sobre cinema assentavam, e continuam a assentar, numa relação próxima, não apenas profissional, entre fotografado/a e fotógrafo. São disso exemplos as relações entre Capa e Ingrid Bergman, Humphrey Bogart e, especialmente, John Huston, mas também entre Eve Arnold e Marilyn Monroe e Dennis Stock e James Dean.
A agência Magnum foi fundada em 1947 por Robert Capa, Henri Cartier-Bresson, George Rodger e David Seymour, com o objectivo de documentar a realidade, garantindo a independência do fotógrafo e os seus direitos de autor.

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