Flak, músico, 39 anos
Chama-se João Campos mas todos o conhecem por Flak. E mesmo quem não se recorda do nome já deverá ter trauteado algumas vezes os seus acordes, entoando, por exemplo, o "Elevador da Glória". É guitarrista dos Rádio Macau, onde toca com alguns dos seus amigos de infância, desde 1983. "Andávamos todos na escola, éramos muito novos e tocávamos por brincadeira", diz Flak, que começou por tocar bateria e acabou por se entusiasmar também pela guitarra.Desde pequeno que dedicava muito tempo à música, em redor do seu gravador e das suas cassetes. Nessa altura, tocava uma bateria improvisada no quarto, feita de caixas e taças. As primeiras peças de baterias teve-as aos 15 anos e usou-as até ao dia em que assaltaram a sala de ensaios. "Fiquei sem bateria e sem dinheiro para comprar outra; portanto, comecei a tocar na guitarra", recorda Flak. O seu percurso passou depois pela Academia dos Amadores de Música e pela escola de jazz do Hot Club. Flak cedo se interessou também pela composição, sendo de sua autoria a maior parte das músicas dos Rádio Macau. Os ensaios eram em casa da vocalista, Xana, e o grupo estava a dar os primeiros passos de um percurso já quase com duas décadas. Em 1993, o grupo separou-se temporariamente e os seus membros dedicaram-se a outros projectos. Flak aproveitou essa pausa para lançar um álbum a solo, para tocar com Jorge Palma no Palma's Gang e dar alguns concertos. Neste momento, os Rádio Macau estão novamente na estrada, com uma série de concertos macados para este Verão. "Estamos também a preparar um disco [a ser lançado em Setembro] que é uma colectânea das melhores músicas", diz Flak. O computador e as novas tecnologias acompanham Flak em todos os seus projectos há mais de dez anos. A primeira máquina comprou-a em 1990: era um Atari 1040 e adquiriu-a por causa da música e do Pro24, um programa de sequenciação de música muito usado na altura. "Dava a possibilidade de poder tocar as músicas, sequenciá-las e escrevê-las", explica Flak. "Era óptimo para compor e muito prático." A memória do computador era ainda pouca mas a máquina era "extremamente fiável" - e foi utilizada pelo guitarrista dos Rádio Macau durante vários anos, facilitando-lhe a composição. "Comecei a poder compor músicas mais sofisticadas e interessantes por causa disso, pois, a partir do momento em que tive o computador, compunha a música, nota a nota; depois, podia imprimir as partituras ou fazer as gravações de uma maneira muito mais completa".Flak considera que o computador lhe proporcionou uma evolução muito grande e hoje utiliza-o para muito mais coisas. Entretanto, os Rádio Macau montaram o seu próprio estúdio, onde trabalham com um Macintosh G3, da Apple, onde está instalado o programa de música ProTools. "É o sistema que a maior parte dos estúdios em Portugal estão a utilizar, porque é muito prático", explica Flak.Mesmo antes de utilizar o Macintosh que tem no estúdio, o guitarrista dos Rádio Macau já tinha um PC em casa, o sucessor do seu antigo Atari, que um dia "explodiu" devido a um problema na fonte de alimentação. "Até fiquei com um bocado da parede preta", diz Flak, divertido ao lembrar um episódio que, na altura, terá sido um pequeno susto.O actual computador comprou-o no início do ano e é a partir dele que "navega" na Internet e utiliza o correio electrónico. É na Net que lê jornais ou consulta sítios de música e muito do tempo que passa frente ao computador é a fazer a edição dos vídeos que grava, tais como as filmagens de concertos. "Penso que as tecnologias servem para facilitar a vida às pessoas. Hoje, pode-se ter um estúdio de gravação numa caixa... e muito mais barato. Antes, eram necessários gravadores enormes, com as bobinas e grandes mesas de mistura. Agora não há nada disso e as pessoas têm mais acesso a algumas coisas que eram muito caras."