Milosevic poderá ser transferido para o TPI até sexta-feira
"Se o processo continuar a este ritmo, a transferência de Milosevic poderá acontecer o mais tardar sexta-feira", afirmou Cerovic, citado pela AFP.Por seu lado, o primeiro-ministro sérvio, Zoran Djindjic, - um dos dirigentes que mais se têm manifestado a favor da cooperação com o TPI - adiantou igualmente a hipótese de Milosevic vir a ser transferido até ao final da semana. "Num prazo o mais breve possível, tal pode acontecer", afirmou hoje aos jornalistas.
Milosevic deverá amanhã ser ouvido por um juiz de instrução do Tribunal Regional de Belgrado, adiantou ainda o seu advogado. De acordo com as normas processuais, os advogados de Milosevic dispõem de três dias para apelar da decisão tomada pelo tribunal para apelar ao Supremo Tribunal do país. Caso o apelo seja imediatamente rejeitado, a transferência poderá então realizar-se.
Cerovic fez estas declarações aos jornalistas depois de um encontro com Milosevic, na prisão central de Belgrado. Durante o encontro, Cerovic foi informado da decisão do ex-Presidente de escolher uma equipa de advogados para assegurar a sua defesa perante o TPI.
O Governo sérvio anunciou ontem que o processo com vista à partida de Milosevic para Haia foi iniciado 48 horas após a aprovação pelo Executivo federal de um decreto que oficializou a cooperação nacional com o TPI. Esta instância acusa, desde 1999, o ex-Presidente de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Milosevic foi detido em Belgrado no âmbito de uma investigação, ordenada pela justiça sérvia, por abuso de poder e desvios de dinheiros públicos durante o período em que esteve à frente do poder na Jugoslávia.
Apesar do celeridade do processo, Djindjic afirmou aos jornalistas que o processo contra Milosevic não é "apressado". "Trata-se de um processo penal que já antes se aplicava aos estrangeiros, mas que, no seguimento do decreto governamental de sábado, se passou a aplicar também aos cidadãos nacionais", explicou.
Antes da promulgação deste decreto federal - conseguido depois de intensas negociações entre os partidos que formam a coligação governamental jugoslava e sob forte pressão internacional - a legislação do país não previa a extradição de cidadãos jugoslavos.