Garcia dos Santos diz ter sido travado na luta contra a corrupção na JAE
Três anos depois de ter denunciado alegados casos de irregularidades na antiga Junta Autónoma de Estradas, Garcia dos Santos dispara em todas as direcções. "O que fizeram com a JAE é criminoso", refere, considerando que João Cravinho, Maranha das Neves e o seu sucessor na junta, António Lamas, são "os principais responsáveis".Para o general, os "problemas passavam pela forma como se lançavam e realizavam as obras" e a corrupção sentia-se "através de projectos mal feitos e mal conduzidos", que se "faziam propositadamente errados para que determinada empresa ganhasse, sabendo onde está o erro no ante-projecto".
Garcia dos Santos não poupa adjectivos para qualificar os visados. João Cravinho é considerado como "parvo" e "traidor", enquanto António Lamas é visto como alguém que "não sabe gerir, nunca geriu nada na vida, e de estradas não sabe rigorosamente nada".
Numa entrevista explosiva, o ex-presidente da JAE refere que, quando tentou denunciar os casos de corrupção, tanto o primeiro-ministro, António Guterres como o ex-Procurador-Geral da República, Cunha Rodrigues, não quiseram ouvir as suas denúncias.
Além disso, o anterior ministro das Finanças, Sousa Franco, que numa carta enviada a Garcia dos Santos terá dito "saber dos problemas de corrupção e quem são as pessoas envolvidas", é acusado de ser "cobarde", uma vez que "manda as bocas e depois não sabe assumir a responsabilidade das coisas que diz".
Em relação ao processo de transformação da JAE em três institutos - Instituto das Estradas de Portugal (IEP), Instituto de Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR) e Instituto para a Construção Rodoviária (ICOR) -, o general considera-o "estranhíssimo", afirmando que, "se calhar, foi feito para continuar com a corrupção".
Assumindo-se como uma pessoa "de esquerda", o general traça o perfil de António Guterres, considerando-o como "o espelho do país" e caracterizando por andar "um bocado ao sabor dos interesses".
As críticas de Garcia dos Santos estenderam-se também à forma como decorreu a sua audição no parlamento, afirmando que «os deputados não têm palavra, não têm noção da honestidade, nem da honradez»
Em relação ao financiamento dos partidos, Garcia dos Santos considera que, "por muitas leis que se façam, continuará a existir por debaixo da mesa", referindo que este financiamento se faz "através dos empreiteiros".